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Nº 1723 - Ano 37
13.12.2010

TRÊS VISÕES para o presente

UFMG premia melhores teses de 2009

Da redação

Fotos: Foca Lisboa
Tatiane Paixão, Wilson Fernandes e Lilian Fonseca concorrem agora
ao Prêmio de Teses da Capes

São das áreas de Ciência Animal, Filosofia e de Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos, as três pesquisas de doutorado que receberam, no último dia 6 de dezembro, o Grande Prêmio UFMG de Teses, em solenidade no auditório da Reitoria. Os estudos, de autoria de Tatiane Alves da Paixão, Lilian Simone Godoy Fonseca e Wilson dos Santos Fernandes, foram defendidos em 2009. Suas investigações, escolhidas entre 31 trabalhos pré-selecionados, devem, agora, ser encaminhadas ao MEC para concorrer a prêmio similar promovido pela Capes.

“Eu costumo dizer que sou um produto de uma universidade pública. Toda a minha educação, do ensino básico ao superior, aconteceu dentro da UFMG”, sintetizou a premiada Tatiane Alves da Paixão, professora do Instituto de Ciências Biológicas, sobre sua trajetória acadêmica e a descoberta de outra paixão: “Estudar doenças e tentar entendê-las era o que me fascinava”. Sua tese, defendida em abril do ano passado, tratou do tema Modelo de infecção gastrintestinal e o papel do LPS, urease e sistema de secreção do tipo 4 da Brucella melitensis em camundongos.

Como relata a pesquisadora, vencedora da área de Ciências Agrárias, Ciências Biológicas e Ciências da Saúde, a brucelose humana é causada sobretudo pela infecção por Brucella melitensis contraída frequentemente pela ingestão de leite e de produtos derivados de cabra ou ovelhas. “Fatores de virulência bacterianos requeridos durante a infecção oral por B. melitensis são pouco investigados”, observa. “Neste estudo, um modelo de infecção gastrintestinal em camundongo foi desenvolvido para verificar o papel da urease, do sistema de secreção do tipo 4 (SST4) e do lipopolissacarídeo (LPS) no estabelecimento da infecção”, esclarece na tese. Segundo ela, os resultados da pesquisa indicaram que urease, SST4 e LPS são, de fato, “requeridos para infecção de B.melitensis via trato digestivo”.

Parte do estudo foi realizada em laboratório coordenado pelo professor Renne M. Tsolis, do Departmento de Microbiologia e Imunologia Médica da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos. Na UFMG, o trabalho teve a orientação do professor Renato de Lima Santos, da Escola de Veterinária.

Cheias

“A inovação introduzida na minha tese foi metodológica”, resume Wilson Fernandes, vencedor do Grande Prêmio da área de Ciências Exatas e da Terra e Engenharias. Aluno de engenharia civil na UFMG, o pesquisador lembra que durante a graduação teve contato com problemas referentes à hidrologia urbana. À época, aprendeu linguagens de programação, o que culminou na construção de dois softwares direcionados a técnicas compensatórias de drenagem.

Os estudos do aluno foram aprofundados na pós-graduação. “Na dissertação, adaptei um método de cálculo de cheias extremas às condições de escassez de dados de bacias brasileiras. Tal método, proposto pelo professor Mauro da Cunha Naghettini em sua tese de doutorado, é um dos sete sugeridos pelo Bureau of Reclamation dos Estados Unidos para o cálculo de quantis extremos de vazão e foi adaptado com sucesso aqui no Brasil”, acrescenta Fernandes.

Já em sua tese de doutorado, ele explorou o tema Método para a estimação de quantis de enchentes extremas com o emprego conjunto de análise Bayesiana, de informações não sistemáticas e de distribuições limitadas superiormente.

Defendido em 2009 pelo programa de Pós-graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da Escola de Engenharia, também sob a orientação de Naghettini, o estudo inicia-se com a observação técnica de uma questão crucial para populações e gestores: “As estratégias tecnológicas de coexistência com o risco de inundações dependem da quantificação de algumas características das enchentes e da frequência com que são superadas”, diz Wilson Fernandes, professor do Departamento de Engenharia Hidráulica e Recursos Hídricos da UFMG.

Filosofia

O dilema contemporâneo das implicações éticas do uso das biotecnologias pelos humanos foi o ponto central da tese vencedora do Grande Prêmio na área de Ciências Sociais e Aplicadas, Linguística, Letras e Artes. Abordada por Lilian Simone Godoy Fonseca, a questão foi analisada pela perspectiva adotada pelo filósofo alemão Hans Jonas, “à luz do desafio colocado pelos avanços biotecnológicos dirigidos à aplicação em seres humanos não apenas com o propósito de curar, mas de aperfeiçoar ou de hibridar a espécie humana com outras espécies ou máquinas”, especifica Lilian Fonseca. Parte da obra de Hans Jonas resgata conceitos da ética da responsabilidade e expressa visão crítica da ciência e tecnologia.

De acordo com Lilian Fonseca, seu trabalho buscou “evidenciar as questões que estão em jogo, sobretudo, na proposta da chamada eugenia positiva e no projeto pós-humano e confrontar com elas a formulação ética jonassiana, para estabelecer um parâmetro ou um limite eticamente consistente, visando inibir a execução real de tal programa”.

Professora visitante da UFMG aprovada em concurso este ano, Lilian defendeu sua tese, Hans Jonas e a responsabilidade do homem frente ao desafio biotecnológico, em março de 2009 junto ao programa de pós-graduação em Filosofia, sob a orientação do professor Ivan Domingues.