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Nº 1932 - Ano 42
14.03.2016

Para ampliar a vivência

Conferências complementarão experiência acadêmica dos estudantes do período noturno

Ana Rita Araújo

A partir deste mês, os cursos noturnos de graduação passam a contar com Atividades Acadêmicas Complementares, que substituem as aulas regulares, em quatro datas a cada semestre, por grandes conferências proferidas por docentes da UFMG e outras personalidades de destaque. "A intenção é que o conjunto da programação venha incentivar a formação de espírito crítico e de visão aprofundada em relação às questões pertinentes para o país e a humanidade", explica o pró-reitor de Graduação, Ricardo Takahashi.

Prevista em resolução do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe), a nova modalidade atende às diretrizes curriculares dos cursos, que estabelecem a obrigatoriedade de atividades complementares, para além das salas de aula. Segundo Takahashi, essa exigência tem sido um gargalo no cumprimento dos créditos para muitos alunos, sobretudo os dos cursos noturnos. "Há pouca oferta de atividades nesse período para complementar a experiência universitária dos estudantes", observa. Ele explica que a ocupação dos horários desse turno com as aulas das disciplinas, aliada à dificuldade dos alunos para se deslocarem à Universidade durante o dia, acaba por limitar sua vivência universitária.

O calendário acadêmico prevê a realização das conferências especificamente à noite, já que a maioria dos estudantes dos cursos diurnos tem mais disponibilidade de vir à Universidade para participar desse tipo de atividade. Takahashi explica que o calendário de 2016 foi formulado de modo a contar com dias letivos suficientes para que as disciplinas sejam desenvolvidas nos dias regularmente previstos, mesmo com a não realização de aulas nas datas reservadas para eventos.

A Pró-reitoria de Graduação também está sugerindo às unidades acadêmicas que colaborem, na medida de suas possibilidades, com a organização de eventos que, além de enriquecer a vida acadêmica de seus estudantes, também sejam de interesse para os de outras unidades. "A principal contribuição que solicitamos é a do engajamento dos docentes nesse projeto de ampliação dos horizontes do ensino de graduação da UFMG", enfatiza Takahashi, destacando a importância de mobilizar a participação em atividades realizadas na própria unidade, em outras unidades ou na Reitoria.

Para acompanhar as Atividades Acadêmicas Complementares, os estudantes devem se inscrever por meio do sistema MinhaUFMG, na página. Serão fornecidos certificados para os estudantes de graduação que participarem dos eventos, agendados para os dias 16 e 29 de março, 11 de abril e 18 de maio, datas em que não ocorrerão aulas noturnas.

Crise global

A conferência Crise global, mudanças geopolíticas e perspectiva do desenvolvimento periférico, que será proferida pelo professor emérito Clélio Campolina Diniz nesta quarta-feira, 16, às 19h, abre a série de Atividades Acadêmicas Complementares na Universidade. O evento será realizado no Auditório Nobre do Centro de Atividades Didáticas de Ciências Naturais (CAD 1), no campus Pampulha.

Na palestra, Campolina abordará aspectos como estrutura do poder mundial, crise nos centros (socialismo e capitalismo), ascensão dos países emergentes e mudanças geopolíticas. Ele também discutirá os avanços tecnológicos e seus impactos, a heterogeneidade periférica, vantagens e desafios da periferia e, por fim, educação, ciência e tecnologia como imperativos para o desenvolvimento. Clélio Campolina é autor de obra de referência sobre economia regional, desenvolvimento econômico, economia da tecnologia, economia brasileira e economia de Minas Gerais. Atuou como bolsista, pesquisador e professor visitante das universidades de Oxford, Rutgers, Roma, Sevilla e Jean Monet. Reitor da UFMG na gestão 2010-2014, Clélio Campolina Diniz também foi ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação.

No próximo dia 29, também no Auditório Nobre do CAD 1, às 19h, o convidado das Atividades Complementares é o pesquisador Bruno Sena Martins, do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra (CES), onde é vice-presidente do Conselho Científico. Ele fará a palestra Corpo e racismo: do colonialismo à descolonização do humano, na qual discutirá "o impacto duradouro da violência colonial e do racismo em sociedades que ainda hoje demarcam os seres humanos e os sub-humanos, selecionando as vidas que merecem ser dignamente vividas e os sofrimentos que merecem ser lembrados". Sena Martins afirma que, em sua conferência, pretende recrutar "corpos insurgentes, convocando as emoções e os saberes que os movem, contra as hierarquias que se arrogam a definir quem tem direito a ser humano".

No dia 11 de abril, o professor Luís Miguel de Carvalho, do Instituto de Educação da Universidade de Lisboa, vai abordar o tema Regulação transnacional e mútua-vigilância no governo da educação. Ele discutirá a relevância dos processos de regulação transnacional da educação com base em dispositivos de avaliação comparativa internacional como o Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), adotado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que mede o desempenho de jovens de 15 anos em diversos domínios. Informações sobre a conferência do dia 18 de maio serão divulgadas posteriormente.