Exposição na Faculdade de Direito revive legado do Tribunal de Nuremberg, pioneiro na interpretação simultânea em julgamento
Evento, que vai até 5 de dezembro, conta com painéis, mostra de arquivos documentais e palestras
Em parceria com a Associação Internacional de Intérpretes de Conferência (AIIC Brasil) e a Associação Profissional de Intérpretes de Conferência (Apic), a Faculdade de Direito sedia, até 5 de dezembro, a exposição 1 julgamento, 4 línguas: os pioneiros da interpretação simultânea em Nuremberg. Representando um legado na área do Direito, o Tribunal de Nuremberg quebrou barreiras linguísticas usando a interpretação simultânea em grande escala pela primeira vez para garantir um processo justo e compreensível para todos.
A mostra já foi exposta em mais de dez países, entre os quais, Alemanha, Suíça, França, Grécia, EUA, Espanha e Itália. No Brasil, já passou pelo Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) e pela PUC-Rio. Agora na UFMG, a exposição promove reflexão sobre conflitos humanos e a necessidade da linguagem e da interpretação que possibilite a decodificação por todos os participantes, como afirma a vice-diretora Mônica Sette Lopes. A participação é aberta a todos, das 9h às 21h, sem necessidade de inscrição.
“O julgamento, que ocorreu em Nuremberg (Alemanha) entre 1945 e 1946, é importante para a história geral e para a história do direito por ter sido, a partir do Tribunal Militar Internacional, formado por representantes de quatro países (França, União Soviética, Reino Unido e Estados Unidos) e, por conseguinte, por falantes de quatro línguas diferentes, que deveriam se entender e ser entendidos, quanto aos fatos e aos efeitos deles”, explica Sette Lopes.
Programação
A atividade compreende duas partes: uma delas é a exposição de totens, que versam sobre o julgamento e o trabalho dos intérpretes, recuperando os quatro idiomas do Tribunal de Nuremberg. A mostra reúne painéis, imagens de arquivo, notícias da época e cartas de intérpretes.
A outra parte consiste de palestras com intérpretes nos dias 17 e 24 de novembro e 1º de dezembro, das 19h às 21h. Nesta segunda, 17, o professor da UFMG Carlos Augusto Canedo ministrará a palestra magna O legado de Nuremberg para o direito penal internacional. A atividade inclui a exibição de uma entrevista com a curadora da exposição, a alemã Elke Limberger-Katsumi.
As conversas seguem no dia 24 com o tema Nuremberg 80 anos: justiça, memória e direitos humanos. Na ocasião, será apresentado o vídeo da entrevista com a intérprete Linda Fitchett, com moderação do professor Lucas Lima. A palestra magna Verdade, prova e narrativa: o julgamento de atrocidades e construção da memória pública será ministrada pelo professor Christian Jecov Schallenmüller.
A evolução e o futuro da interpretação simultânea pauta a última palestra do evento, no dia 1º de dezembro, quando será apresentado um painel temático sobre Inteligência artificial e sociedade: desafios, perspectivas. A atividade será conduzida pelos professores Carlos Alberto Rohrmann e José Luis Faleiros Junior. Também será exibida uma entrevista de Ulla Schneider – De onde viemos e onde estamos – com moderação de Jayme Pinto.
Todas as conversas terão tradução simultânea.
O julgamento
Nuremberg, cidade alemã localizada na região da Baviera, sediou, de 20 de novembro de 1945 a 1° de outubro de 1946, um tribunal penal militar internacional que objetivava julgar e punir os crimes de altos oficiais nazistas cometidos durante a Segunda Guerra Mundial.
O julgamento resultou em 12 condenações à morte por enforcamento, três prisões perpétuas, duas ao cumprimento de penas de 20 anos de reclusão, uma a 15 anos de prisão e outra a 10 anos de prisão. Três oficiais foram absolvidos.
Os julgamentos de Nuremberg criaram um registro de evidências contra o regime nazista e lançaram precedentes legais para o direito internacional e para a criação do futuro Tribunal Penal Internacional.
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