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Como Netuno foi reconhecido? 

14 de junho de 2022

 

Netuno, um dos gigantes gasosos e gelados, é o oitavo e último planeta do nosso Sistema Solar, desde a reclassificação de Plutão em 2006. A temperatura média por lá é de 223 ºC negativos! Além de ter tempestades ciclônicas, que se formam em regiões com pressão atmosférica baixas e temperaturas altas, em Netuno existem ventos muito fortes que varrem de cima abaixo o planeta. Sua atmosfera é composta de 80% de hidrogênio, 18% de hélio e 2% de metano, o que a torna muito parecida com a de Urano, seu vizinho. 

 

Estrutura de Netuno

 

Na mitologia, Netuno é o deus romano do mar e das fontes de água, filho de Saturno e de Ops, irmão de Júpiter e de Plutão. Por fazer sua morada no mar, esse deus pode provocar as mais temíveis tempestades e tormentas. Ele teve muitos amores, sendo a maioria passageiros. Salácia, a figura feminina que personifica a água do mar, foi prometida em casamento a ele, mas se escondeu no fundo do oceano antes de acontecer. A pedido de Netuno, um golfinho a encontrou, eles se casaram e tiveram Tritão, o monstro marinho. Na astronomia,  Netuno tem também uma história curiosa que envolve previsões matemáticas, rivalidade e observações telescópicas. 

 

Escultura de Viena, Áustria

 

Como daqui da Terra não é possível ver Netuno a olho nu, ele demorou mais a ser percebido, diferentemente de Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter e Saturno. Foi graças a observações detalhistas e precisas do movimento de Urano que a existência de um oitavo planeta foi evidenciada. O astrônomo e matemático francês Jean Delambre é considerado um dos principais cientistas dessa descoberta porque ele registrou dados sobre a órbita de Urano. 

 

O ano era 1781 e naquela época já haviam sido publicadas tanto as Leis de Kepler – de Johannes Kepler na obra Astronomia Nova, de 1609 – como também a teoria da Gravitação Universal – de Isaac Newton, no livro Principia, datado de 1687. Através dessas teorias, foi possível que se calculassem características das órbitas dos planetas sem precisar sequer sair daqui da Terra. 

 

A volta que Urano dá ao redor do Sol estava sendo detalhadamente definida por observações e cálculos, até que, para o espanto dos cientistas, a posição dele não concordava com a previsão. E agora? Será que tudo estava errado?

 

Urano não ocupava a posição esperada dos modelos matemáticos e isso foi motivo suficiente para criar a hipótese da existência de um outro corpo celeste para além dele. As perturbações gravitacionais sentidas por Urano deveriam ser causadas por um outro astro.

 

 Netuno visto do satélite natural Tritão. (Ilustração digital)

 

Para descobrir se isso era verdadeiro, inúmeras observações de Urano se seguiram, porque assim dados mais específicos sobre as variações em sua órbita seriam coletados. Exatos 62 anos se passaram até que, em 1843, o astrônomo John Couch Adams conseguiu provar matematicamente a hipótese da existência de um novo planeta a partir do seu trabalho com esses dados. Agora só faltavam as observações! 

 

Para isso, Adams enviou seus resultados para George Biddell Airy, que não fez nada com eles até 1846, ano em que outro cientista, o Urbain Le Verrier, publicou seus próprios resultados sobre a localização do oitavo e novo astro do sistema solar. Ainda em 1846, Airy solicitou a busca desse astro no céu e ele foi avistado! Enquanto isso, Verrier também estava à procura do mesmo objeto, e também o encontrou. Houve muita rivalidade entre os dois, principalmente sobre quem seriam os responsáveis pela descoberta e até hoje não existe consenso entre os historiadores. 

 

Sabe-se que Netuno é aproximadamente 3,5 vezes maior que nosso planeta e está a distância média de 4 horas-luz. A notícia da sua existência se espalhou rapidamente e 17 dias após o reconhecimento desse astro o pesquisador William Lassell descobriu Tritão, a principal Lua de Netuno. Ao todo são 14 satélites conhecidos orbitando Netuno, sendo que Tritão tem uma órbita retrógrada, em sentido oposto ao da rotação do planeta.

 

E aí, gostou de conhecer um pouco mais sobre Netuno? Confira, também, informações sobre um outro gigante gasoso do nosso Sistema Solar aqui no Blog do Espaço!

 

[Texto de autoria da Samantha Jully, estagiária do Núcleo de Astronomia]