Luana Meneguelli Bonone, presidente da União Estadual dos Estudantes (UEE)

Considero de extrema relevância a questão levantada pelo reitor Ronaldo Pena. Ainda na década de 60, os Centros Populares de Cultura da União Nacional dos Estudantes (CPCs da UNE) cumpriram importante papel de estímulo à reflexão, produzindo obras como O auto dos 99 (alusão à porcentagem de brasileiros excluídos do ensino superior). De lá para cá, a situação não mudou muito. E durante a década de 90 vimos o estrangulamento do ensino superior público e um crescimento desregulamentado do ensino privado. Neste processo conturbado, a universidade não cumpriu qualquer tipo de função democratizante.
Neste sentido, a reserva de vagas surge como política de inclusão e de valorização do
ensino público. E políticas de inclusão devem ser tratadas enquanto tais. São focadas e transitórias. Não servem para equacionar qualquer questão de fundo da sociedade; mas, ao atenderem uma demanda específica (embora neste caso tenha uma amplitude bastante considerável), livra-nos de um antigo problema para lidarmos com novas questões sobre o mesmo assunto. Ou seja, superamos problemas antigos para lidar com problemas novos.

Admiro a ousadia de um poder público que promove a inclusão e trava o debate em uma sociedade ainda conservadora. Aposto nos milhões de brasileiros e brasieliras que esperam a oportunidade de demonstrar seu potencial para o país. Defendo, conforme aprovado em todos os fóruns recentes do movimento estudantil, a reserva de vagas. Defendo ainda, por princípio e patriotismo, a educação pública e de qualidade enquanto fator fundamental de desenvolvimento da nossa nação.

Desenvolvido por Núcleo Web - Cedecom UFMG, com uso do software WordPress