Ronan Araújo Gontijo, representante dos servidores técnicos e administrativos no Conselho Universitário

O nosso vestibular pode ser perfeito do ponto de vista técnico, da organização e da cobrança de certos tipos de conteúdos, mas ele seria justo? Ele se revela incapaz de avaliar os esforços dos jovens da periferia. Muitos são bons alunos, pertencem a famílias que valorizam a educação, mas acabam perdendo a corrida para alunos mais ricos. Sem uma medida concreta - e a cota é uma delas - esse imenso esforço pessoal acaba  caindo no vazio.

A cota para alunos de escolas públicas pode ser uma saída melhor até do que as cotas raciais, pois contempla - pelos menos parcialmente - a questão etnica e, sobretudo, a questão socioeconômica. Defendo que 50%  das vagas sejam reservadas a alunos de escolas públicas. Isso mudaria bastante o perfil de nosso aluno e daria um caráter mais substantivado à expressão universidade pública. Mas cota apenas não basta. É preciso garantir moradia, bolsas, comida subsidiada, acesso a bibliotecas, computadores e a cursos de idiomas e, principalmente, monitorar o desempenho acadêmico desses meninos que chegam da escola pública.

Outras universidades federais estão se movimentando para ampliar seus níveis de inclusão, ao aceitar, por exemplo, que os resultados do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) sejam aceitos, paralelamente ao vestibular, como forma de ingresso na universidade.
Falta expectativa para a juventude de 15 a 25 anos, uma bomba-relógio da desesperança que precisa ser desarmada e a universidade, num país onde a mobilidade social ainda é difícil, deve cumprir o seu papel.

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