Jeferson, aluno do 6º período de Direito, representante do corpo discente da UFMG no Conselho Universitário

“A desigualdade socioeconômica é, sem dúvida, o principal problema nacional e cabe às universidades um papel central no enfretamento da questão. São muitas as formas de lutar por justiça social, mas o tratamento sério do problema exige uma postura crítica e radical, isto é, não basta enfrentar apenas as conseqüências, adequando os concursos públicos à nossa realidade.

O essencial é transformar a realidade. Nesse sentido cabe às universidades públicas uma preocupação muito maior que o simples tratamento desigual na distribuição de suas vagas. Cabe-nos desenvolver meios de educar os cidadãos, tornando desnecessárias medidas afirmativas de qualquer natureza. Assim, seria desejável que os espaços em que se discute “cotas” fossem ocupados por uma discussão mais profunda sobre educação. Esse deve ser um tema, sobretudo, universitário. Os centros pedagógicos e o ensino profissionalizante talvez pudessem ser alternativas muito mais eficazes na elevação da qualidade do ensino público. Em Minas Gerais, os dois colégios públicos com melhor desempenho no vestibular da UFMG são o Cefet e o Coltec, este dentro do Campus, numa preocupante situação de descaso. Elevar o número de vagas do Coltec, expandindo e melhorando suas estruturas, aparece como uma forma muito mais interessante e responsável de promover o ingresso de estudantes da rede pública no ensino superior, sem a necessidade de trazer à estrutura universitária uma série de problemas decorrentes de uma solução paliativa, como é a destinação “solidária” de vagas. Educação de qualidade é direito e, como tal, deve ser garantido em todos os níveis. As universidades têm a responsabilidade de atuar como centros educacionais, não como centros de solidariedade. Esse é o momento de assumirmos a função de educar da universidade pública, visando ao desenvolvimento nacional”.

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