Greg Winter - Estudo questiona a diversidade das universidades americanas

Em praticamente todos os argumentos de ação afirmativa em admissões das universidades, inclusive aquele feito pela Universidade de Michigan em seu atual caso na Suprema Corte, está a afirmação de que a tolerância racial e a experiência educacional são maiores em um corpo estudantil diverso. Ainda assim, esse pode não ser o caso de alunos, membros das faculdades e administradores. Um novo estudo descobriu que a diversidade não aumenta a percepção da qualidade educacional ou alivia as tensões raciais nos campi das faculdades. Na verdade, ela pode aumentar. “As pesquisas são sempre questionáveis, inclusive a nossa”, disse Stanley Rothman, autor do estudo, que é professor emérito da Faculdade Smith. “Mas elas mostram que os defensores da diversidade para aumentar a educação não provaram seu caso. Os dados não os apóiam”. O estudo, publicado na The International Journal of Public Opinion Research, uma revista de análise, e na The Public Interest, uma revista de postura conservadora, foi financiado por defensores  dos desafios legais à ação afirmativa e ainda não encontrou seu caminho para o debate público da questão.

Mas ele contraria estudos anteriores que apóiam os benefícios educacionais da diversidade, e impõe um desafio legal à pesquisa acadêmica que a Universidade de Michigan se baseia para defender o uso das preferências raciais nas admissões.

“Um corpo estudantil diverso traz benefícios para todos os alunos”, escreveu Patricia Gurin, professora de psicologia, cuja pesquisa se baseia nos argumentos legais da universidade. “Os alunos aprendem mais em um ambiente educacional diverso, e eles estão mais preparados para se tornarem participante ativos da nossa pluralística e democrática sociedade”.

Apesar de o estudo de Rothman não ter se preocupado com essa questão - de que as faculdades mais diversas produzem adultos com mentes mais cívicas - ele avaliou a questão da qualidade educacional perguntando a 4 mil alunos, funcionários das faculdades e administradores, em cerca de 140 campi, o que eles pensavam sobre o ensino oferecido pelas universidades.

Eles também perguntaram o que eles pensavam sobre os alunos ao seu redor, e se a discriminação existia em suas instituições. Se, como os opositores afirmam, a diversidade beneficia a experiência educacional e promove a compreensão racial, então conforme aumenta a representação das minorias, o mesmo ocorre com a satisfação dos alunos com a instituição, a estima pelos companheiros e o senso de liberdade da discriminação, argumentaram Rothman e seus colegas. Mas a pesquisa descobriu que a diversidade racial não produziu nenhum desses benefícios.

Greg Winter
Publicado originalmente no IG Educação, em 20 de março de 2003

Desenvolvido por Núcleo Web - Cedecom UFMG, com uso do software WordPress