Volume 15 – 16

Editorial:

Quando apresentamos os 2017 títulos da “Bibliografia da Arqueologia Brasileira” nos Arquivos IV do Museu de História Natural em 1980, ficamos surpresos com a grande demanda do público, que excedeu amplamente a comunidade de arqueólogos brasileiros; desta forma, a edição se esgotou rapidamente, assim como a dos Arquivos X de 1985, que incluía os 899 novos títulos da “Bibliografia Geral”.
De qualquer modo, estávamos cientes das numerosas imperfeições destas primeiras listas, que continham muitos erros de citação e datilografia; tínhamos trabalhado de uma maneira amadorística e somente nos atrevemos a publicá-las por saber o quanto fazia falta uma bibliografia, mas sem ilusões sobre as lacunas do nosso trabalho. Tínhamos o projeto de realizar uma “Bibliografia III” contendo, além dos títulos posteriores a 1985, um registro de todas as dissertações e teses tratando de temas de arqueologia brasileira defendidas no país e no Exterior, assim como um erratum detalhado referente às listas anteriores. Sendo assim, continuamos coletando as referências (cerca de 1.000 títulos novos), mercê aos colegas que nos remetiam suas publicações – ou uma lista das mesmas – e através do depoimento sistemático das citações bibliográficas; também ficamos gratos a C. N. Dubelaar, que nos forneceu uma minuciosa lista de erros ocorridos nas citações relativas à arte rupestre.
No entanto, com a multiplicação dos arqueólogos e, consequentemente, das pesquisas e publicações, ficamos sem condições de levar a cabo esta pesada tarefa, que não podia ser realizada em prejuízo das nossas outras obrigações. Assim sendo, procuramos colegas que pudessem nos ajudar; descobrimos então que Irmhild Wüst estava também realizando um registro sistemático da bibliografia, tendo coligido cerca de 4000 títulos; por outro lado, Renato Kipnis, que estava também reunindo uma documentação abundante, se dispôs a comparar as três coletâneas e fundi-las num mesmo banco de dados. Desta forma e a partir desta tríplice colaboração, formou-se o projeto de publicar todos os títulos – e não apenas os que não tinham aparecido nas listas anteriores, aproveitando-se do molde informático utilizado por I. Wust. A Diretoria do Museu de História Natural apoiou o projeto, garantindo a publicação num número especial dos Arquivos. Depois de realizada a listagem, Alessandra L. Miranda teve participação destacada no trabalho de verificação sistemática das citações, resolvendo os inúmeros problemas de discrepância e redundâncias existentes entre as listas, checando também as citações incompletas. Rosangela de Paula Oliveira encarregou-se da digitação e editoração.
Com a multiplicação do uso da informática entre os arqueólogos, entendemos que as próximas atualizações deverão ser realizadas em disquetes a partir da versão atual (já elaborada em computador), que poderiam ser divulgadas através de alguma entidade de classe, como o Fórum ou a SAB.
Estou particularmente feliz em apresentar este trabalho coletivo; espero que, além da sua utilidade intrínseca, sirva de exemplo para os jovens colegas, lembrando que a colaboração é sempre possível entre arqueólogos vindos de horizontes e com preocupações diferentes quando o objetivo é compartilhar as informações em prol do bem comum, desapegados de vantagens pessoais.
Não poderíamos concluir esta obra sem nos referirmos a Alfredo Mendonça de Souza, que tanto trabalhou na constituição de uma memória da arqueologia brasileira e cuja biblioteca sobre o assunto fosse talvez a mais rica do país. É como homenagem a este pesquisador, cujo falecimento muito nos emocionou, que publicamos o texto da Dra. Sheila Mendonça de Souza. Ninguém poderia lembrar melhor do que ela a carreira e a personalidade deste pesquisador, que teve uma participação tão peculiar na comunidade arqueológica brasileira.

André Prous


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