O professor do departamento de Filosofia da Fafich, Rodrigo Duarte, lançará às 19h30 do dia 25 de março, seu livro Teoria e Crítica da Indústria Cultural. O lançamento ocorrerá na livraria do Conservatório UFMG, à rua Guajajaras, 100, no Centro. Mocinha ou vilã? Uma introdução à problemática da indústrial cultural, a partir do pensamento de Adorno, é a proposta do mais recente livro do professor Rodrigo Duarte, a ser lançado pela Editora UFMG. Teoria crítica da indústria cultural, obra que integra a coleção Humanitas, busca revelar a atualidade das idéias de Adorno, mesmo depois da intensa evolução dos meios de comunicação nas últimas décadas. "Procuro compreender a evolução da obra crítica de Adorno ao longo dos anos, e, por fim, como é possível analisar o que aconteceu na indústria cultural dos anos 60 para cá", resume o autor. Dos anos 40, quando o filósofo alemão iniciou suas análises sobre o fenômeno, aos dias de hoje, os recursos tecnológicos se multiplicaram. Em meados do século 20, havia apenas sistemas de rádio e a máquina hollywoodiana de cinema. Hoje, além da televisão, das transmissões via-satélite, de equipamentos de áudio com alta-fidelidade e até mesmo dos vídeos caseiros, a informática e os recursos de rede tornaram ainda mais complexas as relações entre público e mídia. "É impossível um regime manter-se no poder sem o auxílio da indústria cultural", diz o professor. Iraque A indústria cultural também foi decisiva para manter a coesão social durante a Guerra Fria, período marcado pela divisão geopolítica em dois pólos: o capitalista, liderado pelos Estados Unidos, e o socialista, comandado pela antiga União Soviética. "Na época, a mídia enalteceu o elevado padrão de consumo da sociedade capitalista, principalmente nos Estados Unidos, associando-o à idéia de liberdade", lembra o pesquisador. A indústria cultural agiria, justamente, na difusão da idéia de consumismo como liberdade de escolha do indivíduo. Apesar dos tempos serem outros, na visão de Rodrigo Duarte, a análise crítica de Adorno em relação a tal realidade permanece intacta. "Sua crítica está mais atual do que nunca, o que torna ainda mais importante o esforço de trazer à discussão o pensamento do filósofo", diz o professor, ressaltando a importância de as teorias enxergarem o caráter sistêmico da indústria cultural. Não é possível, segundo Rodrigo Duarte, dividir a questão entre os "pessimistas" - para quem não há saída contra a indústria cultural - e os "otimistas", que desprezam o poder dos veículos de comunicação de massa. "Sou contra a demonização da indústria cultural. É preciso analisá-la e críticá-la como reflexo de um sistema coercitivo. Não condeno o meio em si, mas a forma como é utilizado", completa.
Muito se discute a interferência da mídia no cotidiano dos cidadãos. Diversas teorias buscam explicar como se dá o processo de interação entre as pessoas e os meios de comunicação. Há quem veja no receptor de informações - o indivíduo comum - capacidade e autonomia de escolha e interpretação; de outro lado, estudiosos que enxergam a mass media como uma manipuladora incontrolável. Integrante da famosa Escola de Frankfurt, o filósofo alemão Theodor W. Adorno, que dedicou amplo esforço à investigação do tema, foi partidário da visão, por assim dizer, mais "pessimista".
Como exemplo da importância dos meios sobre a opinião pública, Rodrigo Duarte cita a recente invasão dos Estados Unidos ao Iraque. No caso, o presidente George Bush utilizou-se da mídia para convencer a sociedade norte-americana de que não havia outra alternativa senão a guerra contra a nação presidida por Saddam Russein, acusada de produzir e estocar armas de destruição em massa.