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As mais recentes e inovadoras concepções do fazer e do pensar artísticos estarão no centro das discussões e atividades do 36º Festival de Inverno da UFMG, que acontece, em Diamantina (MG), de 18 a 31 de julho. Em entrevista coletiva realizada na manhã desta segunda-feira, 24 de maio, no Conservatório UFMG, a reitora Ana Lúcia Gazzola e o diretor de Ação Cultural da Universidade, Fabrício Fernandino, fizeram o lançamento oficial do evento, que em 2004 gira em torno do tema Arte: fronteiras contemporâneas. Nesta edição, estão abertas 1.078 vagas em 44 oficinas, oferecidas em seis diferentes áreas: Artes cênicas, Artes plásticas, Literatura e cultura, Mídia arte, Música e Projetos Especiais. Durante a solenidade, a reitora Ana Lúcia Gazzola ressaltou a importância e a abrangência do Festival de Inverno, maior evento de extensão cultural organizado pela UFMG. Como principal novidade, a professora ressaltou o processo de internacionalização por que passa a Instituição, caracterizado, no evento, pela inclusão do Festival na programação da Associação de Universidades Grupo Montevideo. "Passamos a integrar as realizações culturais do Grupo. Virão ao evento muitos representantes de universidades latino-americanas", disse. A Reitora ainda comentou a opção da coordenação do Festival por concentrar as atividades em apenas duas semanas. "Isso facilita o deslocamento, para Diamantina, de professores, alunos e funcionários. Além disso, o Festival ganha em intensidade", afirmou. Quanto ao tema escolhido em 2004, Ana Lúcia Gazzola disse da importância de se discutir as expressões culturais da chamada "pós-modernidade", em que as diversas linguagens artísticas aproximam-se, dialogando entre si. Em seu depoimento, o professor Fabrício Fernandino, diretor de Ação Cultural da UFMG e coordenador geral do Festival, disse que o evento, ao longo dos anos, tem conquistado grande densidade. "Buscamos discutir e revelar novos conceitos e direcionamentos artísticos", declarou. Segundo o coordenador, em 2004 será dada continuidade aos temas e discussões propostos no ano passado. Quanto ao projeto gráfico desta 36ª edição, Fernandino agradeceu ao artista plástico Franz Krajberg, cujas fotografias, por ele cedidas, serviram de base para o trabalho da equipe do Festival. Áreas A inter-relação das linguagens artísticas e suas conseqüências nortearão o trabalho de todas as áreas do Festival. Artes cênicas pretende contemplar os universos do Teatro e da Dança, hoje inseparavéis. "Anos atrás, havia pouco espaço para a Dança. Dessa vez, fiz questão de dar a mesma atenção às duas atividades. A arte contemporânea tem como características a quebra de limites. Afinal, as linguagens interferem umas nas outras", comenta o professor Ernani Maletta, coordenador da área. Haverá oficinas como Corpo: assunto de arte, Dramaturgia da cena e Teatro musical: uma abordagem contemporânea. Desenvolver a experimentação, a reflexão e a pesquisa é o objetivo principal das atividades de Artes Plásticas. Segundo o coordenador da área, professor Mário Zavagli, as atividades se caracterizarão pelo intercâmbio entre formas e técnicas, como pintura, escultura, gravura e produção gráfica. "Hoje, o termo Artes plásticas é de difícil emprego por abranger ampla variedade de expressões artísticas", explica o coordenador. Segundo ele, os integrantes de todas as oficinas participarão de uma mesma disciplina teórica sobre Tópicos da arte contemporânea. Entre as oficinas, destaque para A pintura além da pintura e Ruídos, imagens e outras gráficas. Quanto à área de Literatura e cultura, o enfoque principal estará na interação do ofício das Letras com artes diversas, como o Cinema. A coordenadora Maria Antonieta Pereira ressalta que o momento é importante para a discussão do múltiplo diálogo entre as expressões artísticas. Por isso mesmo, haverá oficinas como Material didático: a MPB na sala de aula, Poesia - Voz, música e performance e Palavra falante: introdução à performance poética. A principal novidade de Mídia arte está na inclusão, entre as atividades, da linguagem cinematográfica. Para tal, é muito importante a presença do sub-coordenador da área, o diretor e produtor Rafael Conde. "Pretendemos desenvolver uma microtransmissão, que aproximará a comunidade regional dos participantes do evento", diz o cinesta, para quem já não existe o chamado o cinema puro: "Hoje, a linguagem cinematográfica é multimídia". Haverá oficinas como Cinema de cozinha, A filosofia da fotografia e - já citada por Conde - Microtransmissão - Faça você mesmo uma estação de TV. Por último, a área de Música pretende refletir sobre a composição contemporânea, principalmente no que tange à proximidade entre as músicas popular e erudita. "Hoje, é vasta a gama de atuação musical. Os processos de composição não se marcam apenas pela técnica. Ela está ligada, em primeiro lugar, à manipulação de materiais sonoros", ressalta o coordenador Mauro Rodrigues. As oficinas contarão com a presença de músicos importantes, como o clarinetista carioca Paulo Sérgio Santos e o pianista americano Cliff Korman. Entre as atividades, destaque para A polifonia nas inter-relações texto/música, Contrabaixo moderno e Percussão brasileira. Mais informações sobre como participar das oficinas do 36º Festival de Inverno da UFMG no site do evento.
Os desdobramentos e sentidos da arte contemporânea margearão as oficinas e discussões de todas as áreas da 36º edição do Festival. Segundo Fabrício Fernandino, as atividades giram em torno da resposta à questão: "O que pretendemos fazer a partir de agora, tendo como referência uma ética e uma resposta sensível para um mundo interativo?" Os participantes buscarão repercutir esta e outras interrogações em encontros como o simpósio Arte: fronteiras contemporâneas, promovido pelo setor de Projetos especiais. "Será o momento de consolidar o debate acerca dos limites da arte contemporânea", diz Fernandino.