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Oficina discute formas de inserir a música no ensino da língua Portuguesa Escutar sem escutar. Muitas vezes é o que acontece quando ouvimos uma música mas não prestamos atenção na letra. Na oficina Material Didático, a MPB na sala de aula, que começa nesta segunda-feira, dentro da programação do Festival, a professora Carla Vianna Coscarelli pretende chamar a atenção para o conteúdo e variações linguísticas das letras de Música Popular Brasileira, fazendo uma ponte entre música e estudos literários. “A MPB é tão literatura quanto a literatura dos livros”, diz Carla Coscarelli, professora de Língua Portuguesa da Faculdade de Letras da UFMG. Carla estuda música desde a adolescência e acabou levando essa paixão para a sala de aula, como uma estratégia de sedução no aprendizado da nossa língua. “Se damos um poema para os alunos, a resistência é maior. Se começamos com uma música, de certa forma também falamos usando poema, mas a resistência é menor”, comenta Coscarelli. O objetivo da oficina é mostrar que a MPB pode ser uma poderosa aliada do professor no momento de trabalhar os recursos da língua e da leitura, produção e interpretação de textos. De acordo com a professora, o ensino tradicional da gramática, onde o aluno decora mas não entende, não é o meio mais adequado do ensino da língua. Além de não auxiliar diretamente a leitura e a produção literária. Carla vai ministrar sua oficina contando com a ajuda de todos os participantes. “A gente aprende muito com os alunos. Fico conhecendo letras de canções que provavelmente nunca ouviria por vontade própria”, afirma a professora. (Yara Castanheira)
“O português correto não é só o português padrão. O legal da língua é justamente a sua variação”, diz Coscarelli. Para ela, se antes as variações eram tomadas como erros, hoje são consideradas adequadas ou inadequadas de acordo com a situação.