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Ao falar na tarde desta segunda-feira, 13, no 2º Congresso Brasileiro de Extensão Unversitária (Congrext), que acontece em Belo Horizonte, o ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Patrus Ananias, afirmou que “a universidade deve construir novos paradigmas de conhecimento no campo das políticas públicas, para criar possibilidades de integrar o desenvolvimento econômico com o desenvolvimento social”. Para ele, o papel da universidade é produzir conhecimento e ampliar as suas fronteiras, levando-o e buscando-o no povo. O ministro participou da mesa-redonda Universidade e desenvolvimento social, às 17h, no auditório da Reitoria, dentro da programação do 2º Congrext, que se estende até amanhã (quarta-feira). Além dele, falaram a reitora da UFMG, Ana Lúcia de Almeida Gazzola, e o coordenador editorial no Brasil da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), Célio da Cunha. Integração O representante da Unesco, Célio da Cunha, em sua exposição, falou sobre as principais ações dessa agência internacional, ao longo da história, na busca do desenvolvimento social em todo o mundo. Citou, entre outras, a Declaração Mundial de Educação para Todos, da Tailândia, a Declaração de Salamanca, que abordou a questão dos excluídos, e a Declaração de Hamburgo, que discutiu o analfabetismo no mundo. Cunha abordou também outras questões, como a necessidade de se considerar a educação superior como um bem público, e da importância de seu papel na mudança da sociedade. “Nunca o destino da humanidade dependeu tanto da qualidade de seu ensino superior”, disse. Cunha completou que a universidade deve enfrentar esse desafio oferecendo novas possibilidades e alternativas. “Esse é o papel da extensão, que está mais perto do povo, da comunidade”. , Ao citar palavras do presidente Lula da Silva, convocando o país à luta contra a exclusão social, a reitora Ana Lúcia Gazzola argumentou que a universidade brasileira tem contribuído para isso. “Ao contrário do que muitos dizem, a universidade brasileira não é uma torre de marfim”, afirmou veementemente. Segundo a reitora, o que falta é visibilidade aos inúmeros projetos de extensão que são realizados e que contribuem diretamente para a meta de inclusão social. Debates No outro debate da manhã, Responsabilidade Social: Conceito e Contexto, Henriette Krutman, do Instituto de Pesquisas do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, disse que “é importante conceituar e contextualizar a responsabilidade social antes de praticá-la”. Segundo a debatedora, a ação socialmente responsável está diretamente ligada à extensão universitária. Ricardo Young, presidente do Instituto Uni-Ethos, enfatizou o fato de “que a globalização é um modelo de desenvolvimento econômico insustentável, que vem acelerando a destruição ambiental, a exclusão social e a concentração de renda”, e que se não optarmos por outro modelo de desenvolvimento, com outras alternativas, vamos nos defrontar com a extinção do ser humano.
Em sua fala, Patrus Ananias defendeu a integração das políticas públicas no país, atualmente setorizadas. “É preciso encontrar espaços unificadores nessas políticas, para somar.” disse. Na busca desse objetivo, o ministro afirmou que tem procurado integrar o seu Ministério com outros.
Patrus completou que é importante aliar o conhecimento científico ao saber empírico. “Há um saber mais reflexivo, da razão, e há um do coração, articulado a partir dos sentidos, sentimentos e desejos. A aliança entre os dois é a base do processo democrático” afirmou.
Pela manhã, no ciclo de debates Metodologia participativa em extensão universitária foi apresentado o livro Pesquisa-Ação Integral e Sistêmica: Uma Antropopedagogia Renovada, de André Morin, professor da Universidade de Montreal - Canadá, com tradução de Michel Thiollent, da Universidade do Rio de Janeiro, ambos presentes no debate. Recém lançado no Brasil, o livro é resultado de 30 anos de experiências educacionais no Canadá e em outros países, inclusive o Brasil, e expõe a teoria, as técnicas e os procedimentos utilizados em pesquisa-ação, numa perspectiva participativa e sistêmica.
Trata-se de conhecimento baseado nas práticas educacionais e sociais dos grupos envolvidos e que se revela de grande utilidade para desencadear mudanças ou melhorias de diversos tipos no mundo da educação. Participaram dos debates a professora Pierrette Cardinal, da Universidade de Montreal, e Targino Araújo Filho, pró-reitor de Extensão da Universidade Federal de São Carlos.
Henriette ressaltou ainda a importância das redes de mobilização, que são parcerias entre instituições dos diversos setores da sociedade para a prática da responsabilidade social. “As redes potencializam o trabalho, e a universidade é a produtora de conhecimentos nessa parceria.”
Ricardo Scarioli, presidente do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG), fechou o debate afirmando que “a empresa é a instituição que mais rapidamente capta as transformações da sociedade, e por isso tem uma responsabilidade, um papel de ator muito forte.”