O livro Na Captura da voz - As edições da narrativa oral no Brasil, de Maria Inês de Almeida e Sônia Queiroz, professoras da Faculdade de Letras da UFMG, será lançado na próxima terça-feira, 21, na Livraria Café com Letras a partir das 19h30. A publicação é fruto de pesquisa histórica a respeito das edições de narrativas orais brasileiras, desde o século 19 até o advento da autoria indígena, realizada para as respectivas teses de doutorado, defendidas na Puc de São Paulo. O livro fornece também o primeiro levantamento sistematizado das edições de contos orais do Brasil e da literatura de origem indígena, sendo importante referência para os estudiosos do assunto. Para Sônia Queiroz, no Brasil os primeiros editores trabalhavam apenas através da audição, ouvindo e anotando, resultando assim que o texto ficasse mais distante da oralidade. Para ela, "o desenvolvimento tecnológico possibilitou uma maior aproximação da escrita com a realidade oral". Segundo a Maria Inês, hoje está ocorrendo uma substituição das grandes coletâneas que editaram os contos orais pelas próprias publicações indígenas. "Quem quiser conhecer a literatura indígena, é melhor procurar um livro escrito pelos próprios indígenas que um livro escrito por um branco que foi até a tribo, ouviu a história e editou", afirma. Autoras Sônia Queiroz é natural de Belo Horizonte. Fez a graduação e o mestrado em Letras na UFMG, onde é professora de Língua Portuguesa e Literaturas de Língua Portuguesa. No doutorado em Comunicação e Semiótica, na Puc-SP, desenvolveu pesquisa sobre as edições do conto oral no Brasil, com ênfase no processo de transcrição e transcriação das narrativas orais. Como poeta, além de poemas em jornais e revistas, Sônia Queiroz publicou, entre outros, o livro O Sacro Ofício (Prêmio Cidade de Belo Horizonte, 1980). Como contista, publicou o livreto Madrinha (Ed. Dez Escritos, 1987; segunda edição pela. Edições Bichinho Gritador, 1998), em que divulga uma experiência literária realizada com a língua da Tabatinga.
Maria Inês de Almeida nasceu em Carmo do Paranaíba/MG. É licenciada em Letras e doutora em Comunicação e Semiótica. É escritora e ensina Literatura na UFMG, com ênfase em experiências tradutórias. Nos últimos dez anos, tem trabalhado na produção de literatura com alguns grupos indígenas do Brasil. No núcleo de pesquisas Litera-terras: escrita, leitura, traduções, desenvolve um projeto de laboratórios interculturais, em que representantes de comunidades indígenas e da comunidade universitária se encontram no texto.