A UFMG prepara-se para oferecer, a partir do segundo semestre letivo de 2005, cursos de graduação a distância, na modalidade Licenciatura, para cidades do interior de Minas Gerais. Em processo de tramitação, a proposta pretende levar inicialmente os cursos de Ciências Biológicas e Química a dois grandes pólos regionais: Teófilo Otoni, na região do Mucuri, e Araçuaí, no Vale do Jequitinhonha. Ampliar o número de cursos oferecidos e os municípios beneficiados é meta a ser atingida em curto prazo. "Escolhemos começar por Biologia e Química, as duas áreas que primeiro se interessaram, e esperamos ampliar esse programa para outros cursos", diz a a reitora Ana Lúcia Gazzola. Ela lembra que o Brasil tem uma carência de 250 mil professores em ensino de Ciências - áreas de Física, Química, Matemática e Biologia. "Esse é um dos grandes gargalos nacionais no campo da educação", reforça. Duas comissões estão trabalhando para elaborar os projetos pedagógicos dos cursos e o modelo de Educação a Distância (EAD) a ser implantado. Segundo Ana Lúcia, esse modelo precisa ser construído com critério. "Não se trata de filmar aula presencial e transformá-la em aula a distância. Além disso, temos que avançar com a mesma qualidade e rigor que utilizamos em todas as nossas atividades acadêmicas", afirma. Segundo a professora Maria do Carmo Vila, uma das coordenadoras do projeto, "trabalhar com EAD exige muito planejamento" e o modelo a ser adotado dependerá dos recursos humanos e materiais disponíveis tanto na UFMG quanto em cada região onde os cursos serão implantados. "O modelo também determinará os recursos tecnológicos a serem usados - impressos, vídeo, multimídia - e os tipos de tutoria a serem adotados", explica. Implantação Os Centros Vocacionais Tecnológicos são espaços criados pelo governo do estado e que possuem salas de videoconferência e de inclusão, para acesso à internet. Além do governo de Minas Gerais, o projeto de graduação a distância a UFMG conta com o apoio da Secretaria de Educação a Distância do MEC e das prefeituras das cidades-pólo. A pró-reitora de graduação, Cristina Augustin, comenta que a escolha dessas cidades para iniciar a oferta dos cursos não foi aletória. "São áreas do estado ainda não integradas a pólos de desenvolvimento e onde não há instituições públicas de ensino superior", afirma. Cristina Augustin ressalta a grande relevância social do projeto, que funcionará como instrumento para incrementar a qualificação de recursos humanos, cumprindo o papel de ampliar o acesso e fixar os profissionais na região. "Em geral, só vem estudar na Capital quem tem mais recursos financeiros e a maioria não retorna para sua cidade", afirma. Segundo a pró-reitora, há a perspectiva de ampliar os cursos para outros municípios que já mostraram interesse, como Montes Claros (Norte de Minas) e Frutal (Triângulo Mineiro). Vestibular
Paralelamente ao trabalho das comissões, outras medidas estão em andamento, como a criação de um Centro de Apoio à Educação a Distância, que funcionará no prédio da Unidade Administrativa II, no campus Pampulha, e negociação com a Secretaria de Ciência e Tecnologia do Estado de Minas Gerais, para a utilização da estrutura dos Centros Vocacionais Tecnológicos, nas cidades-pólo. "Nesses locais, a UFMG vai agregar um Centro de Apoio com laboratórios de Química e Biologia, biblioteca, secretaria administrativa, salas de atendimento aos alunos e sala para tutoria", explica Maria do Carmo Vila.
Poderão concorrer às 50 vagas de cada curso apenas moradores dos municípios das áreas de abrangência das cidades-pólo. "Não estão definidos todos os detalhes, até porque o projeto ainda será submetido à apreciação da Câmara de Gaduaçao e ao Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe)", diz Cristina Augustin. Ela também explica que a graduação a distância não será contabilizada como curso novo, mas como uma nova modalidade - licenciatura - de cursos presenciais existentes, e funcionará vinculada aos colegiados de cada área. Também de acordo com a pró-reitora, o projeto de Educação a Distância da Universidade terá como ponto-forte um rigoroso processo de avaliação.