A UFMG é uma das 40 instituições de ensino de todo o país selecionadas para participar do Projeto Rondon. A decisão foi divulgada no último dia 22. A universidade encaminhou seis propostas de diferentes áreas ao Ministério da Defesa, em resposta ao edital do governo federal que reativa o projeto.
A nova versão do programa pretende incentivar a presença das instituições de ensino superior públicas e particulares no interior da Amazônia, através do trabalho voluntário de estudantes e professores. Segundo o pró-reitor de Extensão, Edison Corrêa, a iniciativa, que recebeu grande adesão da comunidade universitária, abre novos campos para a UFMG desenvolver seus projetos. "Através do Rondon vamos nos relacionar com novas regiões e grupos sociais, além de dividir experiências e conhecimentos", afirma Corrêa, ao salientar que a iniciativa governamental não substituirá ações de base regional da UFMG, como o Pólo do Jequitinhonha, Manuelzão e outros projetos de extensão que se encontram bastante enraizados. De acordo com o professor Tomaz Aroldo da Mota, ex-reitor da UFMG, que integrou a comissão responsável pela avaliação e seleção das propostas, os projetos encaminhados pelas instituições apresentaram uma visão bastante abrangentete sobre a inserção das universidades na região. "Grande parte das propostas está relacionada a ações de melhoria da qualidade de vida, da capacitação e de desenvolvimento da autonomia das comunidades", disse o professor. Caberá às instituições selecionadas indicar as equipes que participarão da primeira fase do projeto. De acordo com o edital, elas devem ser formadas por alunos e professores dos cursos de graduação e vão trabalhar em 13 cidades da região amazônica. A previsão é de que 200 alunos e professores participem do projeto-piloto. Nessa fase, eles coletarão dados para preparar o diagnóstico sobre a região e definir o projeto final. A partir de julho, o número de participantes será dobrado. A meta do governo é acolher 20 mil universitários e professores. Novo modelo Segundo Edison Corrêa, antes de o edital ser formulado, a UFMG, por meio da Andifes e do Fórum dos Pró-Reitores de Extensão das Universidades Públicas Brasileiras, encaminhou documento ao Ministério da Defesa, órgão que coordena o Rondon, com sugestões para o projeto. "Não queremos que a iniciativa configure-se como uma invasão do norte pelo sul e que seja respeitada a autonomia das universidades na formulação das ações e a sua estrutura interdisciplinar". Assim, Corrêa acredita que as instituições de ensino poderão interagir de forma respeitosa com as comunidades, favorecer a formação e a vivência de seus estudantes e abrir perspectivas de geração de novos conhecimentos. "Queremos dividir a experiência que acumulamos, beneficiando as comunidades e aprendendo com elas", disse Corrêa. As propostas encaminhadas pela UFMG prevêem interação com prefeituras, organizações sociais e coordenadores locais do projeto na elaboração de um plano de trabalho para o desenvolvimento da região. O Ministério da Defesa fornecerá apoio logístico, cobrindo despesas de alimentação, alojamento, seguro e assistência médica. Na UFMG, o trabalho vai culminar num relatório. Os alunos envolvidos farão diários de campo, que serão submetidos aos colegiados para integralização de créditos curriculares. O projeto será lançado em janeiro de 2005 no município de São Gabriel da Cachoeira, Amazônia, com previsão de presença do presidente Lula. Além de São Miguel, o programa vai atender as cidades de Tabatinga, Tefé, Yauarete, Maturacá, Benjamin Constant, Atalaia do Norte, Santo Antônio do Içá, Carauari, Eirunepé, Fonte Boa, Coari e Santa Isabel do Rio Negro. Equipe 1 Equipe 2 Equipe 3 Equipe 4 Equipe 5 Equipe 6
Criado em 1967, o Projeto Rondon está sendo relançado a partir de sugestão feita pela União Nacional dos Estudantes (UNE) ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no ano passado. No novo formato, coube às instituições de ensino superior acolher propostas de trabalho de sua comunidade e encaminhá-las para avaliação de uma comissão nacional. Os critérios de seleção levam em conta o conceito e a solidez da instituição proponente, o tempo de existência dos cursos, a qualidade da pesquisa e da extensão universitária e a experiência anterior na região. Pelo modelo antigo, os estudantes se inscreviam diretamente no Projeto.
Projetos enviados pela UFMG
Tema: Biodiversidade e sustentabilidade
Temas específicos: Diagnóstico sócio-ambiental participativo; pesquisa etnobiológica entre indígenas; levantamento de histórico socioambiental
Unidade: ICB
Tema: Desenvolvimento de cidades
Unidades: Escola de Arquitetura e Fafich
Tema: Educação e Cultura
Temas específicos: educação indígena, sistema de educação
Unidade: Fafich
Tema: Gestão econômica e social do município
Temas específicos: estrutura do município; serviços públicos de responsabilidade municipal; planejamento e orçamento de entidades públicas; balanço público; publicidade das ações; convênios e parcerias com outras instituições; órgãos de apoio e fomento às atividades econômicas.
Unidade: Face
Tema: Meio ambiente e saneamento
Temas específicos: Pressões e impactos ambientais incidentes ou potenciais; áreas degradadas e possibilidades de recuperação; coleta e destinação de lixo; abastecimento de água; problemas decorrentes de práticas agrícolas e pastoris inadequadas; problemas decorrentes de práticas de extração mineral inadequadas e de práticas intensivas de extração vegetal
Unidade: IGC
Tema: Saúde
Temas específicos: equipes de saúde da família; atenção básica; capaitação de agentes comunitários; educação permanente em saúde; farmácia social; medicina e odontologia preventiva
Unidades: Faculdade de Odontologia, ICB, Escola de Enfermagem e Faculdade de Medicina