UFMG recebe seminário sobre futuro do Mercosul

As relações humanas e comerciais entre os países do Cone Sul estão em debate na capital mineira. Na manhã desta terça-feira, 2 de dezembro, foi aberto oficialmente, no auditório do Conservatório UFMG, o seminário Uma década do Protocolo de Ouro Preto: o futuro do Mercosul, que se estende até as 18h30.

Compunham a mesa de abertura do evento, o secretário de estado do Desenvolvimento Econômico, Wilson Brumer, o reitor da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas), Eustáquio Afonso Araújo, o diretor geral da Escola de Governo do Estado, Afonso Henriques Borges Ferreira, e a reitora da UFMG, Ana Lúcia Gazzola.

"Por seu caráter estratégico e estruturante, trata-se de um dos mais importantes eventos sediados pela Universidade em 2004", disse a reitora sobre o encontro, que contou com a presença de diversas autoridades mineiras e nacionais. Promovido pelo governo de Minas Gerais, o seminário representa uma prévia do encontro que acontecerá, de 13 a 17 de dezembro, em Belo Horizonte e Ouro Preto, e reunirá representantes da América Latina e de outros continentes. Também presente ao encontro, o conselheiro Marcos Raposo, do Itamarati, cuida no momento da agenda da reunião diplomatica.

Conceitos e perspectivas
Em seu depoimento de abertura, o secretário Wilson Brumer ressaltou a importância de mostrar aos jovens os principais conceitos e perspectivas do Mercosul. "Este seminário antecipa as discussões sobre as relações internacionais entre países da América Latina. É importante que, no aniversário de dez anos do protocolo de Ouro Preto, as novas gerações estejam atentas para as discussões do Mercosul", ressaltou.

Para o secretário de Estado, também é vital que se busque aproximar empresários e universidades das discussões em torno das relações do Cone Sul. "Agradeço às instituições de ensino superior aqui presentes o empenho em fazer com que os conceitos do Mercosul não se distanciem da prática. É preciso compreender a integração dos países em seus diversos significados", comentou.

Por fim, Wilson Brumer comentou a necessidade de se pensar alternativas para que a infra-estrutura física do Brasil suporte o crescimento econômico e social da atualidade: "É preciso planejarmos tudo. Afinal, a integração dos países está aquém do que pode ser".

Papel estratégico
Em seu pronunciamento, a reitora Ana Lúcia Gazzola concordou com a necessidade de os jovens tomarem para si a função de compreender e dar força às relações culturais, humanas e econômicas entre nações latinoamericanas. Além disso, elogiou a iniciativa do governo do Estado em aproximar as universidades das discussões sobre o Mercosul.

"É imprescindível que os governos tenham noção do potencial estratégico das instituições de ensino superior na busca do desenvolvimento sustentável e do bem-estar social. Hoje, não se pode pensar em crescimento do país sem que estejam presentes as instituições responsáveis pela produção do conhecimento", disse.

A ritora comentou, ainda, o papel dos governos e universidades na resistência à inclusão do quesito "educação" entre os itens da Organização Mundial do Comércio (OMC). "Hoje, a educação movimenta bilhões de dólares em todo o mundo. O Grupo Montevidéo, do qual a UFMG faz parte, representa um dos movimentos de resistência latinoamericana à comercialização do sistema educacional", disse. Para Ana Lúcia Gazzola, tais movimentos são importantes para que o mundo não seja "inundado" por projetos que tratam a educação superior como mercadoria.

Quanto ao papel das universidades no Mercosul, a retora comentou o papel das instituições no desenvolvimento de inovações. "As universidades são importantes por produzirem bens de conhecimento. Mais de 50% das ações de médio e longo prazos dizem respeito a projetos de inovação tecnológica", disse. Para completar, Ana Lúcia Gazzola resumiu sua principal expectativa em relação ao ideal dos governos: "Não existe possibilidade de desenvolvimento sem uma aposta corajosa nas instituições produtoras dos bens de conhecimento".

Laços entre países
Durante a solenidade de abertura do evento, o reitor da PUC Minas, Eustáquio Afonso Araújo, dedicou seu depoimento aos jovens presentes ao seminário. "O Mercosul ainda está na adolescência. É importante muita força e empenho das instituições e governos para que seja difundida a relevância dos laços entre países latinoamericanos", comentou.

Em discurso direcionado aos estudantes, ressaltou: "Neste momento, vocês têm a oportunidade de trazer a teoria da sala de aula para o exercício da realidade. Com toda a certeza, os novos rumos do Mercosul, e do Brasil, passam por vocês", completou.

Já o diretor geral da Escola de Governo do Estado, economista Afonso Henriques Borges Ferreira, ressaltou a importância de se pensar o Mercosul como plataforma rumo a novas instâncias de bem-estar social: "Não podemos pensar apenas nas relações econômicas. Também precisamos nos questionar sobre o retorno social do intercâmbio entre os países".

Relações Internacionais
Representante da UFMG na organização do evento, a professora Sandra Goulart Almeida, diretora de Relações Internacionais, disse que esse encontro é muito importante para a Universidade, que na atual gestão estabeleceu como prioridade os relacionamentos com o Mercosul. "Nesse momento em que são discutidas questões de extrema relevância para o Mercosul, a UFMG não poderia se ausentar", diz, lembrando que o seminário consolida a participação da Universidade no acordo do Cone Sul.

A diretora também comentou a importância, para as comunidades universitárias das instituições envolvidas, da sensibilização quanto aos impactos do Mercosul nas relações internacionais.

Programação
Logo após a cerimônia de abertura, os presentes assistiram a palestra do diretor da Secretaria do Mercosul, Reginaldo Braga Acuri. Ele falou sobre a Integração das cadeias produtivas no Mercosul. No final da manhã, aconteceu, ainda, painel sobre As instituições do Mercosul, com os professores Oswaldo Dehon, do departamento de Relações Internacionais da PUC Minas, e Vera Alice Cardoso, do departamento de Ciência Política da UFMG.

Às 14 horas, será realizada a paletra O futuro do Mercosul, com a presença de Christian Lohbauer, da Fiesp e do professor Clélio Campolina, do departamento de Economia da UFMG. De 17 às 18h30, acontece o painel Solução de controvérsias no âmbito do Mercosul, que contará com as presenças do ministro Carlos Eduardo Caputo Bastos, do Tribunal Superior Eleitoral, de Renato Alonzo Garcia, da Universidad Complutense de Madrid, de Márcio Garcia, do Instituto Rio Branco.