Na semana em que a Câmara dos Deputados se prepara para votar o projeto da Lei de Biossegurança, que pode liberar ou proibir pesquisas com células-tronco embrionárias, calouros da UFMG participaram de um debate sobre bioética na pesquisa e no ensino, durante as atividades da Semana de Recepção ao Calouro. A palestra das professoras Maria Helena de Lima Perez Garcia, do Instituto de Ciências Biológicas (ICB), e Cleuza Maria de Faria Rezende, da Escola de Medicina Veterinária, na manhã de hoje, chamou a atenção não apenas de estudantes das áreas afins, mas de todas as demais áreas. "Ética deve estar presente no nosso cotidiano, nas nossas relações mais simples", defendeu a professora Maria Helena, que é presidente do Comitê de Ética em Pesquisa (Coep) da UFMG. Pela primeira vez, a universidade incluiu a bioética como um tema de discussão durante a recepção dos calouros. As pesquisadoras apresentaram as exigências para a realização de pesquisas com seres humanos e animais, o histórico da ética na realização de pesquisas, a atuação dos conselhos de ética da Universidade e traçaram um panorama da legislação brasileira e internacional. Polêmica A polêmica da pesquisa com células-tronco embrionárias foi levantada pelos estudantes durante o debate. A professora Maria Helena explicou que a Universidade não tem uma postura definida a respeito do tema e defendeu que os calouros sintam-se responsáveis por discutir o tema. "Há várias questões envolvidas nessa discussão, de ordem religiosa a moral. Na verdade, a questão ética se colocou muito antes, quando o Brasil autorizou a fertilização in vitro, o que criou o excedente de embriões, que depois de três anos devem ser descartados. A nova questão é: o que é mais ético, permitir pesquisas que favorecem a vida ou simplesmente jogar esses embriões no lixo? Embora muitos países já tenham tomado sua decisão, acredito que o tema precisa ser muito mais discutido", defende. Programação Amanhã, os alunos conhecerão as políticas institucionais de apoio ao estudante, as possibilidades de convênios e intercâmbios internacionais e o funcionamento do sistema de bibliotecas. Na parte da tarde, terão atividades específicas nos seus departamentos. Confira a programação completa da Semana no site da Prograd.
Segundo Cleuza Rezende, presidente do comitê de Ética em Experimentação Animal (Cetea), expor as discussões sobre ética para alunos recém-chegados à universidade é um grande avanço, pois ajuda a despertar os estudantes para a necessidade de se discutir e vivenciar o tema. "É possível que num futuro próximo a bioengenharia nos ofereça seres que simulem com perfeição as reações de um animal ou de um ser humano, dispensando as pesquisas com seres vivos. Mas até que isso aconteça, precisamos discutir em que condições vamos fazer essas pesquisas. E é necessário ter um comportamento ético para isso", defende.
As atividades do dia começaram com uma exposição da pró-reitora de Graduação, Cristina Augustin, sobre A vida acadêmica na graduação: conexões entre ensino, pesquisa e extensão. O objetivo é que os alunos conheçam as particularidades da Universidade e não percam a oportunidade de vivenciar, desde o início do curso, as opções que a instituição oferece.