A exibição do filme Rio, 40 Graus, do aclamado cineasta brasileiro Nelson Pereira dos Santos, dá continuidade, nesta segunda-feira, 25, às 18h, no auditório da Reitoria, às atividades do projeto Jovens artistas - a Universidade recebe a nova geração, cujo primeiro módulo é dedicado ao cinema. Na ocasião, o próprio diretor tecerá comentários sobre o longa-metragem. No dia 26 de novembro, também no auditório da Reitoria, às 18 horas, acontece o encerramento da etapa inicial do projeto Jovens Artistas. Dessa vez, Nelson Pereira dos Santos será o mentor das discussões que reunirão, numa mesa-redonda, os outros três cineastas convidados do programa, Eliane Caffé, Helena Solberg e Cláudio Assis. Módulos O segundo módulo do evento, a ser realizado em maio, girará em torno de música e literatura. Um show especial está previsto para a ocasião. O último módulo de Jovens Artistas, em junho, tratará de questões ligadas às Performances contemporâneas. A Comissão Executiva do projeto é constituída pelos professores Fabrício Fernandino, diretor de Ação Cultural da UFMG, a professora emérita Eneida Maria de Souza e Reinaldo Marques, professor de Teoria da Literatura da Faculdade de Letras. Rio, 40 graus O filme tem produção de Mario Barros, Freire Ciro Cri e Nelson Pereira dos Santos, direção de fotografia de Hélio Silva, edição de Rafael Valverde. No elenco, Roberto Bataglin, Glauce Rocha, Jece Valadão, Ana Beatriz, Modesto de Souza, Cláudia Morena, Antonio Novais e Arina Serafim. O diretor Entre 1957 e 1960, trabalhou como jornalista e tentou produzir uma versão do romance de Graciliano Ramos, Vidas Secas, frustrada por uma enchente e outros contratempos. Para aproveitar a viagem e em condições as mais precárias, improvisou no interior baiano um bangue-bangue sertanejo, Mandacaru Vermelho (1960), co-estrelado por ele próprio. Vidas Secas só chegaria às telas três anos mais tarde, antecedido de uma adaptação de Nelson Rodrigues, O Boca de Ouro (1962). Com El Justicero (1967), trocou o subúrbio do Rio e a caatinga nordestina pelas frivolidades da zona sul carioca. Ainda eram burgueses os personagens do filme seguinte, Fome de Amor (1968), só que vistos por ótica bem diversa, mais crítica e moderna. Adaptações literárias - de Machado de Assis (Azyllo Muito Louco, 1969), Jorge Amado (Tenda dos Milagres, 1977, e Jubiabá, 1986), Graciliano Ramos (Memórias do Cárcere, 1983) e Guimarães Rosa (A Terceira Margem do Rio, 1993) - complementam sua obra, marcada, ainda, por uma aventura cômico-antropofágica ambientada no Brasil quinhentista (Como era gostoso o meu francês, 1970) e por uma volta ao ambiente popular suburbano (O amuleto de Ogum, 1974). Nelson Pereira dos Santos ganhou prêmios em festivais nacionais e internacionais (Cannes, Havana, Polônia). Em reconhecimento a seu trabalho, já foram organizadas mostras e retrospectivas em países como França, Itália, Canadá, EUA e Japão, entre outros.
Jovens Artistas é realizado em caráter piloto pela UFMG, com apoio da Secretaria de Educação Superior do MEC e está dividido em três módulos, que abordarão diferentes expressões artísticas. A intenção dos organizadores é que este projeto seja estendido futuramente a outras universidades brasileiras.
Realizado na década de 50 e inspirado no neo-realismo italiano, Rio, 40 graus reflete as bases do movimento estético-cultural denominado Cinema Novo, realizado nas ruas com cenários e com diálogos naturais. No longa-metragem, o calor sufocante da cidade representa o elo entre as histórias que se desenrolam, num típico domingo carioca, através de cinco pequenos vendedores de amendoim. Copacabana, Pão de Açucar, Corcovado, Quinta da Boa Vista e Estádio Maracanã são alguns dos pontos onde as cenas acontecem.
Cineclubista em São Paulo, onde nasceu, em 1928, Nelson Pereira dos Santos entrou para o cinema como assistente de direção de Rodolfo Nanni, em O Saci (1951-1953). Já no Rio, para onde se muda em 1953, trabalhou como assistente de Alex Viany, em Agulha no Palheiro, e Paulo Wanderley, em Balança Mas Não Cai, cujas filmagens concluiu.