Agência Fapesp - O quase centenário Theatro José de Alencar, inaugurado em 1908 no centro da cidade de Fortaleza, será palco da fervilhante cerimônia de abertura de mais uma reunião anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). O evento está marcado para domingo (17/7), às 18h. Em seguida, pesquisadores, estudiosos, estudantes e autoridades serão alvo das atenções durante toda a semana, nas dependências da Universidade Estadual do Ceará (Uece), instituição que sediará a maior reunião científica da América Latina. Mais uma vez, a expectativa é que milhares de visitantes participem das centenas de atrações da SBPC. Depois de passar pelo Centro-Oeste em 2004, e agora pelo Nordeste, em 2006 o evento já está marcado para o Sul do país, em Florianópolis. “Estamos do sertão olhando o mar, esperando os ventos que trazem chuva, os aviões e os navios. Mas já produzimos tecnologia e conhecimento novo, interagindo em tempo real com a economia e a cultura globais, por meio das infovias, inventando as integrações entre as riquezas da terra e as riquezas do mar e apostando no bom humor, na inteligência e na imaginação criadora para que as profecias apocalípticas somente se cumpram se generosamente: o sertão vai virar mar e o mar vai virar sertão.” O texto acima, que culmina com a frase do cearense Antônio Conselheiro, da cidade de Quixeramobim, foi escrito pelo professor José Jackson Coelho Sampaio, coordenador da comissão organizadora local da 57ª SBPC. Estando quase dois terços do Estado do Ceará ocupado pelo sertão, e tendo o território uma costa de 537 quilômetros voltada, quase sem proteção, para o Atlântico, o tema da reunião anual de Fortaleza não poderia ser outro: “Do sertão olhando o mar”. A programação oficial das conferências, mesas-redondas e simpósios não deixa dúvidas. Mais uma vez o tom político do encontro estará presente. Além disso, questões epistemológicas do conhecimento científico no Brasil não foram esquecidas. Os debates ocorrerão em relação à seca, aos biofármacos, à nanotecnologia, às ciências espaciais e ao meio ambiente em geral, para ficar apenas em alguns dos assuntos. Diversidade de opinião, população em geral entrando em contato com o mundo científico, lançamentos editoriais. Tudo isso estará presente em Fortaleza. Mais uma vez, será uma oportunidade para a ciência invadir o sertão é tentar reescrever os caminhos do futuro. Afinal de contas, a região ilustra bem as discrepâncias que sempre permearam a história do Brasil, como bem relatam as palavras do poeta Patativa do Assaré: Eu sou de uma terra que o povo padece Mais informações no site oficial da SBPC: www.sbpcnet.org.br/eventos/57ra/ Informou Agência FAPESP, que estará cobrindo o evento e informando diariamente as principais discussões e novidades apresentadas em Fortaleza, com a equipe formada pelo editor Eduardo Geraque e os repórteres Kárin Fusaro e Thiago Romero.
Mas não esmorece e procura vencer.
Da terra querida, que a linda cabocla.
De riso na boca zomba no sofrê.
Não nego meu sangue, não nego meu nome.
Olho para a fome, pergunto: que há?
Eu sou brasileiro, filho do Nordeste.
Sou cabra da Peste, sou do Ceará.