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Na série artigos que descrevem genomas de três parasitas, publicada na edição online da revista Science, desta sexta-feira, dia 15, os professores Santuza Teixeira e Carlos Renato Machado, e o doutorando Gustavo Cerqueira - pesquisadores do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) - colaboraram com artigo que interpreta a seqüência de genes do Trypanosoma cruzi, parasita da Doença de Chagas. Três artigos da Science trazem os mapas genéticos dos parasitas Trypanosoma cruzi, Trypanosoma brucei, responsável pela doença do sono, e Leishmania major, um dos causadores da Leishmaniose. A comparação e interpretação dos genomas ficaram por conta de um quarto artigo, escrito por pesquisadores de diversos países que já vêm trabalhando com os agentes dessas doenças. "O mapeamento queima etapas de pesquisa e nos permite propor questões mais elaboradas", diz a professora Santuza. Já o professor Carlos Renato ressalta a importância dos estudos dos genomas para "entender a evolução do parasita", o que permite aprofundar nas pesquisas para conhecer melhor a criatura. Variabilidade "Vimos no genoma o quão falho é esse mecanismo, o que significa que um gene tem grande capacidade de mutação", explica o professor. A observação leva a uma importante hipótese que guia os estudos pós-genoma: verificar se essa variabilidade está relacionada à resistência do organismo. "Se essa hipóstese for comprovada, a busca por vacinas se torna mais difícil", exemplifica Santuza. Doença de Chagas
Convocados a analisar um aspecto do genoma do T.cruzi, os pesquisadores do ICB estudaram os mecanismos de recombinação e reparo de DNA, que mantém a integridade dos genes, estabilizando a reprodução das células. Segundo os professores, tais mecanismos estão relacionados à variabilidade das células do parasita.
Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) indicam que entre 16 e 18 milhões de pessoas na América Latina são portadores da doença de Chagas, e cerca de 21 mil mortes são reportadas anualmente. Apesar do vetor da doença, o barbeiro, estar sob controle, países sofrem com a falta de métodos para diagnóstico e tratamento. De acordo com a professora Santuza, existem apenas duas drogas que tratam a doença na fase crônica, quando 25 a 30% dos casos resultam em grave debilitação e até na morte do paciente.