Falta de assistência e práticas inadequadas durante o parto e o pós-parto são as principais causas da incidência de tétano neonatal em Minas Gerais. A constatação está no estudo realizado pelo professor Lúcio José Vieira, da Escola de Enfermagem da UFMG, que investigou casos de óbito pela doença no Estado, entre os anos de 1997 e 2002. Os resultados fazem parte de sua tese de doutorado, defendida recentemente junto ao Programa de Pós-Graduação em Enfermagem de Saúde Pública, da USP-Ribeirão Preto (SP). Entre 1997 e 2002, o tétano matou 26 recém-nascidos em Minas Gerais. A média de 4,3 óbitos por ano é considerada alta pela Organização Mundial de Saúde (OMS), já que a vacina é oferecida gratuitamente no Brasil. “Meu interesse era entender porque crianças ainda morrem dessa doença”, conta professor Lúcio Vieira, que foi buscar a resposta entre as mães das crianças falecidas. Ele investigou a trajetória percorrida por elas durante a gravidez e descobriu as causas que levaram os bebês a contraírem a doença. Durante os sete meses de trabalho de campo, o pesquisador localizou 19 das 26 mães e, a partir das entrevistas e depoimentos, constatou que as principais causas da doença estão associadas à falta de assistência médica. De acordo com professor Lúcio Vieira, apenas duas mulheres fizeram o pré-natal – e ainda assim o iniciaram tardiamente. “O pré-natal é de extrema importânica para a prevenção da doença. Se a grávida receber duas doses da vacina antitetânica, o bebê é imunizado, eliminando o risco de contaminação após o nascimento”, afirma. O Ministério da Saúde recomenda a realização de pelo menos seis consultas durante a gravidez, a primeira no primeiro trimestre da gestação. Somados à falta de acompanhamento durante a gravidez, estão os perigos de partos realizados em casa e de cuidados alternativos usados para tratar o coto umbilical, prática popularmente conhecida como “cura do umbigo”. A maioria dos partos investigados foi realizada por parteiras que não receberam treinamento para desempenhar tal tarefa. “A principal forma de contaminação dos recém-nascidos é por meio do uso de instrumentos não-esterelizados durante o parto, principalmente a tesoura que corta o cordão umbilical”, explica Lúcio Vieira. Leia notícia completa na edição 1492 do Boletim UFMG