Ao longo dos séculos, a humanidade, como forma de não ultrapassar limites da convivência harmônica entre os indíviduos, busca nos preceitos éticos o seu norte. No que se refere aos campos da ciência e das tecnologias, a adoção de soluções éticas revela-se ainda mais abrangente e complexa. Tais questões permearão os debates do IV Simpósio de Ética em Pesquisa com Seres Humanos e o I Simpósio de Ética em Experimentação Animal (www.ufmg.br/bioetica), eventos que a UFMG realiza, nos dias 18 e 19 de agosto, na Reitoria e no ICB. Ao estimular a discussão do fazer científico junto à comunidade acadêmica, os simpósios buscam a construção de novos parâmetros sobre bioética. Entre os palestrantes, estão pesquisadores de ciências biológicas e da área da saúde, filósofos, teólogos, juristas e educadores de diversas regiões do País. A proposta da realização dos eventos é dos comitês da UFMG de Ética em Pesquisa (COEP), que trata de pesquisas com seres humanos, e de Ética em Experimentação Animal (Cetea). A abertura dos eventos acontece, nesta quinta-feira, 18 de agosto, às 8 horas, no auditório da Reitoria. Às 10h15, o professor Renato Janine Ribeiro, da Faculdade de Filosofia da USP e diretor da Capes, profere conferência sobre Responsabilidade e ética. Estão previstas conferências como Os valores culturais brasileiros e as possibilidades de uma educação para ética, O ensino da ética no curso de Medicina, Ética e uso de animais na pesquisa e no ensino, Delineamento estatístico em pesquisa com seres humanos e animais e Os contornos da ciência nos "avanços" éticos: o caso da diversidade humana. Comitês A professora Cleuza Maria de Faria Rezende, coordenadora do I Simpósio de Ética em Experimentação Animal e presidente do Cetea, ressalta a ampliação do debate sobre a conduta ética nas pesquisas com animais, principalmente a partir do surgimento, em julho de 2000, do Comitê: “Promovemos debates amplos. No Brasil, o tema da ética na pesquisa anda a passos largos”, ressalta. A professora explica que o Comitê definiu 15 princípios para a conduta do pesquisador. Entre eles, está o ideal de que os seres vivos só podem ser utilizados em estudos que resultem em benefícios para eles próprios e para os homens. Além disso, todo o sofrimento deve ser evitado. Em caso de seqüelas, os animais devem ser sacrificados, mas por especialista, e sem dor.
Criado em 1997, o COEP tem-se revelado um “porto seguro” para os pesquisadores. Para se ter uma idéia, no ano de sua fundação, o Comitê analisou as práticas éticas de 50 projetos de estudo. No ano passado, foram cerca de 600 pesquisas. “Esse aumento resulta da maior conscientização dos pesquisadores e dos pré-requisitos das agências de fomento e das publicações científicas especializadas”, comenta a professora Maria Elena de Lima Perez Garcia, uma das coordenadoras do IV Simpósio de Ética em Pesquisa com Seres Humanos.
(Boletim UFMG)