O violoncelista Antonio Del Claro e o pianista Ney Fialkow apresentam-se, neste sábado, 3 de setembro, às 18 horas, no Conservatório UFMG (Avenida Afonso Pena 1534), dentro do programação da série Concertos Didáticos. No repertório, obras de François Francoeur (Sonata para cello e piano em Mi Maior), Sergei Prokofiev (Sonata para cello e piano em Dó Menor - Opus 119) e Sergei Rachmaninov (Sonata para cello e piano em Sol Menor Opus 19). Mais informações sobre o espetáculo, no Conservatório UFMG, pelo telefone (31) 3218-9300. Antonio Del Claro (violoncelo) Foi o mais jovem integrante da Orquestra de Câmara Pró-Música, de São Paulo, e da Orquestra Filarmônica de São Paulo. Posteriormente, tornou-se violoncelista spalla da Orquestra do Teatro Municipal de São Paulo e da Orquestra da USP. Na Suíça, fez parte do Trio de Genebra e realizou gravações para a Radio Suisse Romande. Como integrante do Artistrio (Brasil), esteve em tournée pela Alemanha, onde gravou CD com obras de Villa Lobos. Atualmente, integra o Trio Americas, com a violinista Eva Székely (EUA) e o pianista Daniel Schene (EUA). Como solista, atua nas maiores orquestras brasileiras e em importantes centros culturais do país. Como recitalista, tem atuado no Brasil, França, Suíça, Itália, América Latina e EUA. Como professor, além de ter integrado o corpo docente do Departamento de Música do Instituto de Artes da Unicamp, realiza seminários e master classes em diversas cidades do Brasil e dos Estados Unidos. Obteve da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) o prêmio de Melhor Solista Jovem de 67-72 e Melhor Solista de 92. Recebeu também o Prêmio Carlos Gomes de 99 como Melhor Solista Instrumental. Sua grande preocupação em divulgar a música brasileira o fez gravar vários discos de compositores como Camargo Guarnieri, Henrique Oswald, Villa Lobos e Radamés Gnattali. Também apresentou, em 1a audição mundial, obras para violoncelo que lhe foram dedicadas pelos compositores Camargo Guarnieri, Osvaldo Lacerda, Cláudio Santoro, Almeida Prado e Sérgio Vasconcelos Corrêa. Foi convidado a participar como violoncelista brasileiro convidado da Fundação Symphonicum Europae, no Lincoln Center, em Nova York (temporada 98/99). Ney Fialkow (piano) Realizou formação em pós-graduação nos EUA, obtendo o título de Doutor em Música no Peabody Conservatory da Johns Hopkins University, Baltimore, onde foi assistente da célebre pianista Ann Schein. Em Boston, concluiu com distinção o Mestrado em Música no New England Conservatory, na classe de Patrícia Zander. Suas gravações incluem Diálogo para Piano e Orquestra de Bruno Kiefer, obras de Camargo Guarnieri, Edino Krieger, Luciano Zanatta e de Flávio Oliveira. Tem atuado em diversas apresentações camerísticas ao lado do Trio Interarte nas principais capitais brasileiras. Os compositores Nas 16 óperas que escreveu, nota-se a influência do amigo e colaborador François Rebel, assim como de Jean-Philippe Rameau. Na obra instrumental, percebe-se melhor seu estilo composicional, ainda que influenciado por Leclair, Purcell e Haendel. A música de Francoeur é capaz, ainda, de reunir elementos franceses e italianos. Nela, visualizamos a técnica de construção musical francesa, nas suítes de dança e nas formas italianas da sonata da chiesa e da camara. Seu mais importante legado instrumental se resume no conjunto de 22 sonatas para violino e continuo (cravo, violoncelo ou basso di viola obbligato), onde estão presentes modernas técnicas de arco, cordas duplas, além de refinada ornamentação. Sergei Prokofiev (1891-1953) dedicou sua Sonata para Cello e Piano Op.119 ao violoncelista e compatriota Mstislav Rostropovich, assim como seu Concerto-Sinfonia Op.125, conhecido também como 2º Concerto para Cello e Orquestra. É ilustrativo o comentário de Rostropovich acerca da sonata: “Quando realizei a estréia da 2ª Sonata de Nicolai Miaskovsky, Prokofiev estava na platéia e, como sua crítica mordaz e direta possuía notória fama, eu tremi apavorado ao esperar seus comentários após o concerto. Mas, ao fim de algumas observações, ele declarou que se sentia suficientemente inspirado a escrever uma sonata para mim. E quando Prokofiev completou a sonata, visitei sua dacha (casa de campo) e, mais uma vez, temi em sugerir algumas alterações. Elas foram prontamente aceitas. No entanto, Prokofiev admitiu que havia marcado as alterações no manuscrito com o seguinte comentário: “aqui Rostropovich faz diferente”. Prokofiev desejou que o pianista Sviatoslav Richter e eu estreássemos a obra, sendo a primeira performance pública, também primeira gravação comercial, realizada a 1º de março de 1950 na Sala Pequena do Conservatório de Moscou, na presença de Prokofiev e Shostakovich. A atmosfera do concerto foi carregada de eletricidade, de forma que aquela ocasião tornou-se experiência única e raramente vivida por mim. Vindo de família de forte tradição militar, Sergei Rachmaninov (1873-1943) foi educado sob os rígidos moldes da autocracia czarista de Alexandre III. Aos nove anos, mudou-se para São Petersburgo, onde freqüentou o Conservatório com auxílio financeiro do serviço imperial. Dois anos depois, estabeleceu-se com a mãe recém-divorciada em Moscou, ingressando no Conservatório daquela cidade nas classes de Zverev e Arensky. Aos 19 anos, completou os estudos com medalha de ouro em composição pela ópera Aleko. Aos 24, Rachmaninov já era muito conhecido por toda a Rússia como compositor, regente e pianista. Foi quando assistiu a execução desastrosa de sua 1ª Sinfonia - sob a direção de Glazunov aparentemente bêbado - seguida do fracasso de seu 1° Concerto para Piano. Rachmaninov entrou em desespero quase psicótico, desistindo de compor temporariamente e permanecendo em profunda depressão. Somente após tratamento prolongado de hipnose com Dr. Nicolai Dahl, Rachmaninov pôs-se outra vez a compor, resultando em seu 2° Concerto para Piano, que, executado em 1901, devolveu-lhe todo o êxito e popularidade merecidos. Naquele mesmo ano, surgiu a colossal Sonata para Cello e Piano, em que já se encontram expressas todas as características de sua música. Segundo Frederick Martens, “Rachmaninov poderia ser chamado o elo entre as antigas tradições e os novos ideais. (...) Deteve-se a meio caminho entre o futurismo e o impressionismo, confiando em seus grandes recursos de imaginação para criar obras cheias de individualidade”.
Nascido em São Paulo, iniciou os estudos aos sete anos com o pai, também violoncelista, prosseguindo-os com Jean Jacques Pagnot. Na Itália, foi aluno de Radu Aldulescu (violoncelo) e Enrico Mainardi (música de câmara). Com bolsa concedida pelo Governo do Estado de São Paulo, estudou em Paris com Roberto Salles, mas foi em Genebra (Suíça) que teve oportunidade de aperfeiçoar-se, tornando-se discípulo do consagrado violoncelista Pierre Fournier.
Premiado em diversos concursos, destacando-se o cobiçado título de melhor pianista do VII Prêmio Eldorado de Música, os primeiros prêmios nos concursos nacionais de piano da Universidade Católica do Salvador e o Concurso Nacional Edino Krieger, o pianista Ney Fialkow tem conciliado movimentada carreira de solista e camerista com a atividade de professor do Instituto de Artes UFRGS, em Porto Alegre, instituição onde se graduou na classe de Zuleika Rosa Guedes.
Durante o alto barroco francês, a música de Paris esteve centrada em três pólos: a Corte, os Concerts Spirituels e a Academia Real de Música, este último o berço da ópera lírica francesa. François Francoeur (1698-1787) atuou em todos os três como violinista, compositor e diretor musical. Em 1727, assumiu o posto de compositeur de la chambre do "Rei-Sol" (Luis XIV) e participou da célebre orquestra real composta por 24 violinos.