Uma pesquisa realizada pela Andifes (Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior), por meio do Fórum Nacional de Pró-Reitores de Assuntos Comunitários e Estudantis (Fonaprace), revelou que 39% dos estudantes das instituições federais de ensino superior (Ifes) passam por alguma dificuldade emocional. O estudo foi tema do seminário Serviços de Apoio Psicológico e Social a Estudantes nas IFES, que terminou nesta quinta-feira, 27 de outubro, e foi realizado pelo Fonaprace, em Brasília. No encontro, reuniram-se vários profissionais de psicologia, psiquiatria e assistentes sociais a fim de debater os resultados do diagnóstico, além de capacitar esses profissionais da saúde a lidar com a crise emocional comum entre os estudantes. Além da capacitação, o seminário da Andifes pretende elaborar um conjunto de ações, a ser aprovado pelas Ifes, com o objetivo de superar os problemas identificados, melhorando, assim, as condições de estudo dos alunos. Segundo a coordenadora nacional do Fonaprace, Thérèse Hofmann Gatti, o objetivo é criar uma rede de apoio, que possa atender à saúde emocional dos alunos, promovendo a melhoria no seu bem-estar e, conseqüentemente, nos seus estudos. Diagnóstico As crises emocionais prejudicam a vida pessoal do aluno e o seu desempenho no curso, levando à retenção ou desistência dos estudos. De acordo com um levantamento feito pelo psicólogo Marcelo Tavares, que é doutor em Intervenção em Crises e Prevenção ao Suicídio e estuda o assunto há quase 20 anos, 47% dos estudantes, de uma amostra de 420 entre 2.200 alunos recém-ingressos na UnB em 2003, já haviam pensado em suicídio pelo menos uma vez na vida, sendo que, para 9,8% deles, a idéia de suicídio era recorrente. Entre os estudantes universitários as principais causas das crises emocionais estão associadas a situações como o choque cultural ao entrar na universidade, a mudança de cidade, a adaptação à nova turma, o relacionamento com os colegas e a consolidação da personalidade. Isso afeta grande parte dos estudantes, principalmente aqueles de classes sociais menos favorecidas e de minorias sociais. No estudo do Fonaprace, a incidência de crise emocional é semelhante entre alunos que estão no início e no fim do curso, com índices de 39% e 40%, respectivamente. Muitos desses alunos acabam buscando, no álcool e nas drogas, alívio para ansiedade ou crises de fundo emocional. Dados do ano 2000 da Organização Mundial da Saúde (OMS) revelam que homicídio, suicídio e acidentes, geralmente associados ao uso de álcool e drogas, estão entre as três maiores causas de morte em jovens em transição, entre 15 e 24 anos de idade. (Com Assessoria de Comunicação da Andifes)
Segundo o diagnóstico, realizado pelo psicólogo Marcelo Tavares, professor da Universidade de Brasília (UnB), dos 39% de alunos com crises psicológicas, pelo menos 5,5% fazem uso de medicação psiquiátrica e 24% já procuraram ajuda psicológica. Além disso, estima-se que entre 10 e 20% dos estudantes das universidades federais estejam em processo agudo de crise, que requer apoio psicológico imediato.