Pensar um curso voltado para os interesses dos povos indígenas é a questão norteadora do Seminário de Formação de Formadores, que começou nesta quarta-feira, 14 de dezembro, no auditório Luiz Pompeu, da Faculdade de Educação (FaE). Voltado para docentes e indígenas, o seminário vai até 16 de dezembro e pretende discutir a proposta curricular e as concepções que nortearão o curso de Formação Intercultural de Professores, que se inicia em 2006. "Esse é o momento de debate para discutir os desafios que devemos encontrar na formação dos professores indígenas", explica a coordenadora do curso, professora Lúcia Helena Álvarez Leite, da FaE, que abriu o evento junto à outros dirigentes e professores. A mesa de abertura contou com a presença do pró-reitor de Extensão, professor José Edson Corrêa, a assessora da Coordenação Geral de Educação Escolar Indígena do Secad/MEC (Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade) Marcia Spyer, a coordenadora do Programa de Implantação das Escolas Indígenas da Secretaria de Estado da Educação, Maria do Carmo Carmona, o administrador regional da Funai (Fundação Nacional do Índio), Valdemar Adilson e os professores da comunidade indígena, Rafael e Gleison Maxakali. "É de extrema importância reconhecer a UFMG como parceira dos povos indígenas. E esse momento nos ajuda a conhecer um pouco mais desses povos", disse a assessora do Secad / MEC, Marcia Spyer sobre a iniciativa da Universidade, que contou com o apoio de diversos órgãos e instituições governamentais. Já o Pró-reitor de Extensão, José Edson Corrêa manifestou sua admiração pela formação do curso e sugeriu ampliar as parcerias, principalmente, entre as áreas de educação e saúde. "Espero que possamos realizar um projeto que envolva diversas áreas, onde a Educação seja o fermento", afirma o professor, referindo-se aos projetos de internato rural, da Faculdade de Odontologia, que já se articulam com as comunidades indígenas. Para o futuro aluno da graduação para educadores indígena, Rafael Maxakali, o curso magistério, já oferecido aos professores indígenas, não é o suficiente. "O ensino superior ajudará a melhorar a escola", diz. Percurso acadêmico A graduação é composta por módulos de aprendizagem e grupos de trabalhos que acontecerão na UFMG, no período de quatro semanas. Etapas intermediárias, realizadas nas comunidades, também fazem parte do curso. O estudante, que também é um professor na comunidade indígena, deve fazer projetos de estudos e pesquisa, sob a orientação de monitores do projeto. Segundo a coordenadora, a graduação deve se apoiar nos seguintes eixos temáticos: múltiplas linguagens, realidade sócio-ambiental e escola indígenas e seus sujeitos. Um dos pontos principais do curso são os laboratórios interculturais, onde os alunos indígenas serão integrados aos núcleos de pesquisa e extensão da Universidade. "A idéia de diversidade do currículo passa por esses diferentes núcleos", afirma a Lúcia Helena Álvarez. Outro aspecto importante da formação dos indígenas é a interface com projetos sociais, ligados aos direitos indígenas, arte, língua e literatura indígenas, além de saúde, economia e desenvolvimento sustentável. "Cada aluno forma seu percuso acadêmico, que será diferenciado, mas com pontos de interseção", analisa. Processo seletivo Leia mais sobre o curso especial de graduação para educadores indígenas no Boletim da UFMG. Programação do seminário 15 de dezembro 16 de dezembro
Voltado para a formação de professores indígenas, o curso, com duração de cinco anos, se inicia em março de 2006. O curso formará 150 professores em nível superior, de sete povos indígenas de Minas Gerais: Xacriabá, Maxakali, Krenak, Pataxó, Caxixó, Xukuru-Cariri, Pankararu.
A seleção dos alunos acontece nos próximos dias 19 e 20 de dezembro, em Belo Horizonte e na aldeia Xacriabá, próximo ao município de Januária. Trata-se de um concurso diferenciado, pois os candidatos não são submetidos a avaliações do conhecimento. De acordo com Lúcia Alvarez, o estudante deve apresentar um memorial - documento com a trajetória acadêmica - e uma carta de apresentação, escrita por representantes da comunidade indígena, além de participar de uma entrevista e de atividade de leitura e escrita.
9h - Política Indígena
Participantes: Gilvan Müller (UFSC), Maria Inês de Almeida (UFMG) e Rafael Maxacali (educador indígena)
11h - Laboratórios Interculturais
Representantes dos projetos Literaterras (Fale), Memória e registros musicais (Escola de Música) e Geduc (FaE)
14h30 - Uma escola sintonizada com projetos sociais
Participantes: Vanessa Dutra, Gersen Baniwa, Zeza Xacribá e Ana Gomes (UFMG)
16h30 - Saber acadêmico x saber profissional
Participantes: Guga Sampaio, Gersen Baniwa, Kanatyo Pataxó, Márcia Spyer
18h30 - Atividade cultural
8h30 - Relatos de experiência: A pesquisa como proposta metodológica nas escolas indígenasParticipantes: integrantes das comunidades indígenas: Gersen Baniwa, Pierângela, Kanatyo Pataxó, Itamar Krenak, Rafael Maxakali, Zeza Xacriabá
14h30 - Grupos de trabalhos por eixos temáticos: um início de conversa sobre o curso Formação Intercultural de Professores
17h - Encerramento