Ex-diretor da Faculdade de Medicina da UFMG e personalidade de destaque na política e cultura brasileiras, Clóvis Salgado faria 100 anos nesta sexta-feira. Nascido em Leopoldina, na Zona da Mata, em 20 de janeiro de 1906, o catedrático Clóvis Salgado Gama teve sua trajetória profissional traçada pelos caminhos da arte, política e ciência. Em março, a UFMG realizará sessão solene para comemorar o centenário do professor. Ginecologista formado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, Clóvis Salgado retornou a Minas Gerais, quando disputou concurso para professor-assistente na Faculdade de Medicina da UFMG. Em 1937, assumiu a vaga de grande prestígio, que pertencera ao primeiro ginecologista de Minas, professor Hugo Werneck. “A disputa não foi das mais simples, porque Clóvis Salgado concorrera com Lucas Machado, que já atuava na Faculdade e era considerado sucessor natural de Werneck”, conta a historiadora e professora Rita Marques. A partir desse momento, Salgado alavancou sua trajetória na área científica e política em Belo Horizonte. Logo em 1939, funda o Hospital de Ginecologia (onde hoje está o Ambulatório Bias Fortes, do Hospital das Clínicas), já que fora proibido de clinicar na Santa Casa, hospital onde Lucas Machado atendia. “Mais tarde, em 1942, organiza a Cruz Vermelha e implanta um serviço pioneiro”, afirma a pesquisadora, referindo-se ao Programa Bem-Estar da Família, um dos primeiros serviços de saúde da família do país. “Foi Clóvis Salgado que implantou o exame de colposcopia, hoje obrigatório nas consultas médicas”, diz Rita Marques. "Ele deu grande impulso à medicina com a implantação desse serviço", reforça a filha caçula Marília Salgado. Mais tarde, em 1944, Clóvis Salgado dirigiu o Hospital das Clínicas da então Universidade de Minas Gerais (UMG). De 1973 a 1976, foi diretor da Faculdade de Medicina.