Exatamente às 5h45 aterrissou, no aeroporto da Pampulha, o avião Hércules C 130, da Força Aérea Brasileira (FAB), que trouxe a Belo Horizonte os 33 estudantes da UFMG envolvidos em acidente de ônibus no Peru, além dos corpos dos quatro alunos da Instituição mortos no episódio. Ao descerem do avião, os estudantes foram recebidos com acenos e gritos de seus familiares, que lotavam a base do Centro de Instrução e Adaptação da Aeronáutica (Ciaar), onde também estavam veículos de imprensa e autoridades da Universidade e do governo federal. O avião decolou do aeroporto de Arequipa às 20h45 (23h45, no horário de Brasília). Além dos tripulantes e dos alunos da UFMG, o vôo trouxe de volta a Belo Horizonte o médico Bruno Sanches, a diretora de Relações Internacionais da Universidade, Sandra Almeida, o motorista Adelson Fagundes e um representante do DCE. Dos estudantes que desembarcaram na capital mineira, Luís Henrique de Araújo (Ciências Sociais), Rafael Marques de Souza (Farmácia) e Rodrigo Heringer Costa (Ciências Sociais) e o motorista Adelson Fagundes foram encaminhados, em ambulâncias, para o Hospital das Clínicas (HC), onde receberão atendimento especializado. Logo no início da manhã, outros 12 estudantes foram para o HC, para exames diversos. Permaneceram em Arequipa, na região sul do Peru, o pró-reitor de Pós-Graduação da Universidade, Jaime Ramirez, que acompanha os estudantes da UFMG Lucas Motta Hauch e Juliana Fonseca Martins (Ciências Sociais), que ainda demandam cuidados médicos. "Ainda não temos previsão do retorno deles", relatou Sandra Almeida, ao esclarecer que a decisão de mantê-los em Arequipa decorreu da exigência em realizar o transporte apenas dentro de condições mais seguras, do ponto de vista médico. Outros dois alunos, Júlia Perdigão (Fonoaudiologia) e Pablo Hendrigo Alves de Melo (Ciências Biológicas), optaram por aguardar a recuperação de seus colegas em terras peruanas. Ao descer do avião da FAB, a maioria dos estudantes da UFMG seguiu, em ônibus da base militar, para os procedimentos de rotina. Os alunos apresentaram a documentação específica à Receita Federal e passaram pela verificação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Já Luís Henrique de Araújo (Ciências Sociais), Rafael Marques de Souza (Farmácia) e Rodrigo Heringer Costa (Ciências Sociais) e o motorista Adelson Fagundes seguiram direto para o HC nas ambulâncias já devidamente posicionadas no aeroporto. Sepultamentos Em Belo Horizonte, acontecem os sepultamentos dos corpos de Thiers Lage Bicalho Bretas, às 10h, no Parque da Colina; Pedro Coelho D'avila Correa, às 13h, no Bosque da Esperança, e Roberto Tadeu de Melo Barbosa, às 17h, no Cemitério da Paz. Solidariedade A estudante lembrou, ainda, que, no momento do acidente, algumas pessoas foram atiradas para fora do ônibus e caíram a alguns metros do veículo. "Temíamos que o ônibus rolasse pela ribanceira e caísse em cima de nossos colegas", disse. Os quatro estudantes mortos estavam sentados na parte de trás do ônibus. Quanto à reação dos alunos, Marina Utsch ressaltou a solidariedade. "Nós nos ajudamos o tempo todo", disse. O pai de Marina, Antônio Carlos Utsch, ressaltou a sensação de receber a filha: "Quando a vi, fiquei muito emocionado". O estudante de direito Rodrigo Gonçalves Marciano de Oliveira, que desistiu da viagem em Arequipa (o acidente aconteceu 12km depois da cidade), disse, ao descer na Pampulha, que tomou conhecimento da tragédia por um jornal local, que circulou no mesmo dia com a noticia. "Era um tablóide sensacionalista. Eu estava dentro de um ônibus e vi alguém ao meu lado lendo a reportagem. Reconheci o ônibus pela foto e procurei os hospitais para reencontrar os colegas". Rodrigo diz que desceu em Arequipa ao perceber que o ônibus não chegaria a tempo em Caracas. "Depois de tanto sacrifício para chegar lá, teríamos que voltar no dia seguinte. Preferi ficar por ali, para conhecer a região, e embarcar no mesmo ônibus quando retornasse, ou voltar por minha conta".
Os corpos das quatro vítimas do acidente foram transportados, por carros funerários, aos respectivos velórios. O corpo de Taís Palmerston de Martino Borges, aluna de Odontologia, será enterrado, às 9 horas, no Cemitério da Saudade, em Uberaba.
Assim que desceu do avião da FAB, a estudante do 7º período de Comunicação Social da UFMG, Marina Utsch, que estava no ônibus acidentado, relatou à imprensa alguns dos momentos marcantes do episódio. No instante em que o ônibus tombou, a aluna, que não sofreu qualquer tipo de ferimento, dormia no chão do veículo. Ao acordar, percebeu o que estava acontecendo. Isso a ajudou a se proteger. "Rapidamente, muitas pessoas apareceram para nos ajudar", relatou.