O cineasta Antonio Olavo participa, nessa quinta-feira, 16 de fevereiro, de debate com o público sobre o filme Quilombos da Bahia, no campus pampulha da UFMG - avenida Antônio Carlos 6.627. O encontro acontece às 18h30, no auditório Neidson Rodrigues da Faculdade de Educação (FaE), logo após a exibição da película, e tem entrada franca. Quilombos da Bahia, filme documentário, foi concluído após três anos de pesquisa e trabalho de campo, e contou com o patrocínio da Petrobrás, que investiu R$ 579 mil no projeto. A produção é da Portfolium. Segundo relato do próprio diretor, ele percorreu, junto a uma equipe de seis pessoas, mais de 12 mil quilômetros, filmando em 69 comunidades negras do estado da Bahia. O objetivo do trabalho é trazer um pouco mais de informações sobre as desconhecidas comunidades remanescentes dos quilombos. "Na Bahia existem centenas de comunidades negras, muitas delas seculares, espalhadas por todo o estado. Nosso trabalho foi concretizado a partir de uma abordagem etnográfica do tema, e buscamos recolher os fragmentos de uma ancestralidade ainda presente nas pessoas mais idosas das comunidades, ao mesmo tempo em que registramos as histórias, o cotidiano, a cultura e as estratégias de sobrevivência de cada lugar", explica Antonio Olavo. Conforme o diretor relata em documento de divulgação do filme, a Bahia é o estado de maior presença negra do Brasil, com mais de 70% de sua população afro-descendente e isto evidencia a implantação de uma consistente rede de dominação escravista, que perdurou por mais de 350 anos. Por outro lado, foi também na Bahia onde a resistência negra contra a escravidão aflorou com mais densidade, pois além das insurreições urbanas como Búzios e Malês, destacou-se o surgimento de quilombos, que se constituíram em verdadeiros símbolos da resistência e luta pela liberdade. Repartir a história Ele prossegue lembrando que o filme é um trabalho pioneiro no Brasil, "visando elaborar um documento audiovisual, que possibilite um pouco mais de informações sobre estas pouco conhecidas comunidades negras da Bahia. Ao todo, recolhemos o depoimento de 112 pessoas, a maioria com idade acima de 80 anos." O projeto de produção do filme, conforme relata o diretor, incluiu, ainda, a produção do Mapa dos Quilombos da Bahia e um Manual Pedagógico, que estão sendo distribuídos em pelo menos 4 mil escolas públicas do ensino fundamental e médio da Bahia, beneficiando, num primeiro momento cerca de 2 milhões de estudantes. "O projeto é pioneiro tanto pelo seu conteúdo como por essa iniciativa em estender conhecimentos sobre a história da maior parte da população baiana, hoje ausentes dos livros tradicionais utilizados em salas de aula", finaliza. A exibição de Quilombos da Bahia é parte da programação do VII Encontro Nacional dos Pesquisadores em Ensino de História, que desde ontem, dia 13, reúne pesquisadores e especialistas em ensino de História de todo o país e de diversos outros países. A promoção é da Faculdade de Educação (FAE), do Laboratório de Estudos e Pesquisas em Ensino de História da FaE e do Centro Pedagógico (Labepeh) e do Programa de Pós-Graduação em Educação da FaE e tem o patrocínio da Fapemig, Capes, CNPq e da Finep. Demais informações sobre a atração podem ser obtidas pelos telefones (31) 3409-5303 / 3409-5311 (Com Antonio Olavo).
Para Antonio Olavo, “no geral, o conhecimento que se tem sobre quilombos é basicamente histórico, havendo poucos estudos com caráter antropológico e etnográfico. Diante da enorme carência de informações atuais sobre o tema, este documentário surge como um instrumento que busca contribuir com a valorização da memória negra da Bahia".