Insatisfeito em trabalhar com pessoas pouco qualificadas, mas que recebiam altos salários em cargos comissionados, Marlon Santos, prefeito de Cachoeira do Sul, município do Rio Grande do Sul, decidiu agir para reverter a situação. A solução surpreendeu, pois Marlon simplesmente decidiu tornar obrigatória a leitura de um livro por mês, entre os funcionários ocupantes de cargos de confiança. Ele assegura que a iniciativa já produziu conseqüências positivas. "A leitura ampliou a capacidade dos funcionários“, diz o prefeito. A experiência de Cachoeira do Sul chamou a atenção da imprensa e, na UFMG, coube à rádio da Instituição explorar a história, abrindo espaço para entrevista com o prefeito. A conversa vai ao ar, ao vivo, às 9h15, durante o programa Universo Literário - comandado pela radialista Rosaly Senra, diariamente, das 8h às 10h. Para acompanhar a entrevista basta sintonizar a emissora na freqüência 104,5 FM, em Belo Horizonte e Contagem, ou pela Internet no endereço http://www.ufmg.br/online/radio/arquivos/002140.shtml. Leia mais sobre a iniciativa de Marlon, em reportagem reproduzida abaixo e publicada pelo O Estado de São Paulo, em 3 de fevereiro: Prefeito obriga funcionários a ler Os cerca de 140 funcionários municipais que têm cargos em comissão em Cachoeira do Sul, cidade de 90 mil habitantes a 200 quilômetros de Porto Alegre, estão obrigados a ler pelo menos um livro por mês. A exigência é feita desde julho do ano passado pelo prefeito Marlon Santos (PFL). Ele explica que, como cidadão, anda cansado de pagar salário para ter em cargos políticos "gente sem competência e que nunca leu sequer um gibi". E adverte que seu ato não tem nada de folclórico. "Não é lulesco e nem severiniano", alfineta. Nas entrevistas de admissão, Santos já pergunta se o candidato ao cargo está disposto a incorporar o hábito de ler. "Esse é um dos critérios para a admissão e também para a demissão", avisa o prefeito, vangloriando-se de ter mandado para a rua uma pessoa que debochou da iniciativa. Os espertalhões também têm pouca chance. Cada ficha de leitura deve ser entregue à Secretaria de Administração, onde será analisada por um funcionário encarregado de verificar se não houve cola de colegas ou da internet. Seis meses depois do início da experiência, Santos afirma que sua percepção de que a leitura amplia a capacidade dos funcionários está se comprovando. "A comparação das primeiras fichas com as atuais demonstra crescimento", comenta. "Além disso, as pessoas se tornaram mais amáveis e demonstram maior capacidade de reflexão e poder de decisão." Os funcionários admitem que, no início, estranharam a exigência, mas confirmam que evoluíram desde que se adaptaram à regra. A assessora do gabinete, Renata Lima Tollens, ensino médio completo, não se limita mais a conferir as colunas sociais e já gosta de ler os jornais inteiros. Patrícia vai começar a ler O Código Da Vinci, de Dan Brown. "Vamos montar um central de empréstimos para ampliar o acesso aos livros", promete. Aos 30 anos, o prefeito diz que costuma ler de 20 a 30 livros ao mesmo tempo. O hábito começou na infância, primeiro com revistas em quadrinhos, e depois evoluiu para obras como a autobiografia de Benjamim Franklin e A Ética, de Espinosa, livros que recomenda a todas as pessoas. Ao exigir leitura dos funcionários, ele espera evolução semelhante. "Eles começam com romances simples e depois partem para obras mais complexas", observa, satisfeito com os resultados que já conseguiu até agora.
A auxiliar administrativa Karina Fraga Savegnago, formanda em Biologia, passou dos livros relativos a sua área para os de auto-ajuda, como Pílulas Para Viver Melhor, do cardiologista Fernando Luchese. "São boas dicas para a convivência e para aumentar a auto-estima", afirma.