Arquivo Câmara Municipal de BH |
“Uma terceira pátria se soma às outras duas que moldaram minha vida. Sou tricordiana (alusão à terra natal, Três Corações, no Sul de Minas), sou da UFMG e sou, agora ainda mais, de Belo Horizonte”. Com essas palavras, a reitora Ana Lúcia Gazzola recebeu o título de cidadã honorária de Belo Horizonte na noite desta terça-feira, dia 14, na Câmara dos Vereadores da capital mineira. Diante de uma platéia de cerca de 300 pessoas, entre familiares, amigos e colegas da comunidade universitária, que lotaram o Plenário JK, Ana Lúcia Gazzola disse que a homenagem “é dirigida, principalmente, à instituição que, enquanto reitora, represento”. Ao agradecer a distinção, a reitora lembrou os fortes laços que a ligam à capital mineira, onde está radicada há cerca de 40 anos. “Eu a recebo, também, como signo de meu pertencimento a Belo Horizonte. Pois, se minha infância me enraiza em Três Corações, aqui construí minha carreira profissional, aqui tenho grandes amigos, daqui parti para meus estudos de pós-graduação. Mas para Belo Horizonte sempre retornei". Em seu discurso, a reitora também destacou a colaboração que a Universidade tem dado ao desenvolvimento de Belo Horizonte, por meio do Hospital das Clínicas, dos programas de extensão e da oferta de uma formação superior de qualidade. “A UFMG é de Minas Gerais, e, seu endereço, antes de qualquer outro, é essa cidade”. Ana Lúcia também recordou sua infância nas “mil e uma noites tricordianas”, marcadas pelas intermináveis histórias contadas pelo pai, o advogado Astolpho Gazzola, formado pela UFMG, e pela mãe, Irene Almeida Gazzola. “Essas histórias despertaram o gosto por outros contadores de história – Eça, Machado e Drummond”, disse a reitora, ao reconhecer a influência da família em sua trajetória profissional. “Acabei cumprindo o vaticínio de meus pais, e me tornei professora”. Perfil Vice-presidente da Câmara Municipal, Tarcísio Caixeta também relembrou a trajetória de Ana Lúcia Gazzola como estudante da UFMG – do antigo Colégio de Aplicação, onde foi aprovada em concurso, para a surpresa do pai, aos tempos de aluna da Faculdade de Letras em plena ditadura militar. Docente da UFMG desde 1978, Ana Lúcia, segundo Caixeta, “condensa com maestria os elementos mais caros do perfil de um professor universitário: exigente, detalhista, caloroso, estimulante”. O vereador revelou que aproximou-se da Reitora em 2002, quando a Câmara Municipal abrigou reuniões para discutir o projeto do Parque Tecnológico. Na época, ele presidia a Comissão de Informática da Câmara e ela iniciava o seu mandato como reitora. “O que faltava em estatura física, sobrava-lhe em dedicação e coragem para brigar pelas coisas da UFMG”, testemunha.
Em sua saudação à reitora, o vereador Tarcísio Caixeta, autor do requerimento que propôs a homenagem, traçou-lhe um detalhado perfil, descrevendo a influência dos pais na formação de sua personalidade. “Além do amor à literatura, herdou do doutor Astolpho a cidadania italiana, o talento para a polêmica e a paixão com que encara a vida”, relatou Caixeta. Da mãe, Irene, Ana Lúcia reteve, segundo o vereador, “a persistência e o amor ao detalhe com que cerca cada providência a ser tomada em diferentes aspectos da vida prática” .
O título de cidadã honorária concedido à reitora Ana Lúcia Gazzola foi aprovado pelos 17 líderes de partidos da Câmara Municipal. Trata-se da principal homenagem conferida às personalidades que não nasceram em Belo Horizonte, mas que, com seu trabalho, contribuíram para o desenvolvimento da cidade.
Conduzida pelo vereador Silvinho Rezende, presidente da Câmara dos Vereadores, a cerimônia foi prestigiada pelo ex-reitor Aluísio Pimenta, representando o governador Aécio Neves, e o vice-prefeito Ronaldo Vasconcellos, representando o prefeito Fernando Pimentel. Da UFMG estiveram presentes o futuro reitor, Ronaldo Pena, o vice-reitor Marcos Borato e vários outros dirigentes universitários.