O professor Ronaldo Tadêu Pena participou, na manhã desta terça-feira, 21 de março, na Reitoria da UFMG, de sua primeira entrevista coletiva como reitor da Universidade. Ao lado da futura vice-reitora, Heloísa Maria Murgel Starling, Pena falou aos jornalistas de temas como cotas raciais e inclusão social, apresentou propostas de gestão e anunciou que a Instituição assumirá, através de sua Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa (Fundep) e com o apoio do Governo de Minas Gerais, a administração do Hospital de Venda Nova. As negociações já estão em andamento, e em três meses, o conhecimento produzido na Universidade deverá estar a serviço de pacientes do Sistema Único de Saúde no novo estabelecimento de saúde. Antes de responder às perguntas dos jornalistas, o novo reitor da UFMG ressaltou a importância de uma universidade pública intensificar as possibilidades de difusão de informações. “Ao longo dos próximos quatro anos, desejo manter excelente relação com a imprensa. Tudo o que é produzido e discutido numa instituição pública deve chegar ao cidadão. Vocês, jornalistas, serão fundamentais em nossa comunicação com a sociedade”, comentou Ronaldo Pena. Hospital de Venda Nova O custeio do hospital gira em torno de R$ 3 milhões. Sob gestão da UFMG, além de expandir a possibilidade de atendimento de qualidade à população carente, através do Sistema Único de Saúde (SUS), o estabelecimento servirá às propostas acadêmicas da Universidade. “Poderemos ampliar nossa residência médica. Todos os anos, 320 novos estudantes ingressam no curso de Medicina da UFMG”, disse Ronaldo Pena. O reitor também citou experiências similares, em que universidades - no Ceará, em Campinas e Curitiba – assumiram, além do hospital universitário, a gestão de outras instituições de saúde. Ouça aqui matéria de repercussão sobre o assunto produzida pela Rádio UFMG Educativa (Formato MP3) Cotas “Existe hoje, no Congresso Nacional, uma lei que prevê a obrigatoriedade de cotas nas universidades. Tal lógica fere a autonomia universitária”, diz Pena. O Reitor defende a instalação de metas a serem alcançadas pelas instituições com o intuito de democratizar o ensino. “Para cumprir tais metas, cada universidade investiria em seus próprios mecanismos de inclusão”, diz. A atual política da UFMG prioriza a abertura de cursos noturnos, capazes, segundo pesquisa realizada na Universidade, de ampliar o acesso da população de baixa renda ao ensino superior. Durante a gestão da reitora Ana Lúcia Gazzola (2002-2006), houve crescimento de 31% no número de vagas em cursos no período da noite. Com isso, 23% das vagas oferecidas nos 48 cursos da UFMG já são noturnas. “Nosso objetivo é ampliar esse índice para 35%”, diz Ronaldo Pena. Gestão As diferenças de formação acadêmica entre o novo reitor e a vice-reitora Heloísa Starling também foram abordadas durante a coletiva. Ele é engenheiro e ela, historiadora. Segundo a professora Heloísa Starling, a própria escolha da chapa que concorreu à Reitoria levou em conta tais aspectos, vistos como muito positivos. “Buscaremos ser uma dupla aditiva e dialética. Trabalhamos com a idéia de que o conhecimento se complementa”, ressaltou a vice-reitora, que será empossada no cargo por Ronaldo Pena nesta terça-feira, às 18 horas, em solenidade no auditório da Reitoria (veja reportagem).
A primeira questão abordada pelo reitor da UFMG durante a coletiva abordou a possibilidade de a Universidade assumir a gestão do Hospital de Venda Nova. “Já resolvemos essa questão. Precisamos, agora, oficializar a parceria com o governo de Minas Gerais, que nos permitirá administrar o hospital”, disse, lembrando que já conversou sobre o assunto com o próprio governador Aécio Neves. “A UFMG entrará com o que tem de melhor: conhecimento”, afirmou Pena.
Questionado pelos jornalistas sobre a posição da Universidade em relação à implementação de cotas, como forma de ampliar o acesso à Instituição, Ronaldo Pena comentou a política preferencial, aprovada, em 2004, pelo Conselho Universitário: “A UFMG não é partidária das cotas raciais. Nossa política busca democratizar o acesso ao expandir a possibilidade de que estudantes de baixa renda ingressem no ensino superior”, disse o Reitor, lembrando que, hoje, na UFMG, cerca de 40% dos alunos matriculados provêm de escolas públicas.
Como principal desafio de sua gestão à frente da Reitoria da UFMG, Ronaldo Pena ressaltou o desejo de investir no crescimento da Instituição. “Precisamos expandir nossas atividades, sem perder a qualidade do conhecimento produzido nas diversas áreas”, afirmou. Além do aumento de cursos noturnos, o Reitor comentou a importância do investimento, por exemplo, em iniciativas de educação a distância. “Chegaremos aos outros estados, e também à África de língua portuguesa”, disse.