Dentro das comemorações de 80 anos de sua fundação, o Conservatório UFMG (Rua Guajajaras, 100 - Centro) homenageia, nesta quarta-feira, 19 de abril, através do projeto Quarta Cultural, os 100 anos de nascimento de um dos mais destacados músicos brasileiros: o pianista, compositor, arranjador e regente gaúcho Radamés Gnattali. O duo Renata Ciccarini (piano) e Renato Goulart (sax) foi escolhido para revelar parte do extenso trabalho de Gnattali, que transitava naturalmente entre o popular e o erudito. Ao longo de seus 30 anos na Rádio Nacional, cuja programação procurava valorizar a cultura nacional, Radamés abriu espaço para novos maestros e arranjadores, valorizou a música instrumental e foi o responsável pela inclusão da orquestra na música popular brasileira. Mesmo desenvolvendo grande parte de suas atividades no rádio, não abandonou sua faceta de compositor erudito e concertista. Inúmeras de suas composições eram requisitadas por intérpretes e maestros famosos e, em 1983, acabou agraciado com o Prêmio Shell, na categoria Música erudita. Os músicos Renato Goulart é bacharel em saxofone pela Escola de Música da UFMG, tendo sido orientado pelo professor Dilson Florêncio. Além de saxofonista, é também pianista, compositor e arranjador. Com o sax, foi vencedor do concurso Jovens Solistas, da Banda Sinfônica da UFMG (2002) e participou de vários projetos musicais de Belo Horizonte, dentre eles o Jovem Músico (BDMG/2004). Atua na produção de arranjos para diversos grupos musicais, como o Monte Pascoal, Quarteto Vera Cruz, Minas Jazz Orchestra e Trombominas. Suas composições abrangem várias formações musicais, incluindo Quarteto de Saxofones, Banda Sinfônica e Orquestra Sinfônica. Em 2005, sua composição Abertura Festiva estreou com a Orquestra de Sopros Brasileira no concerto de abertura do 2º Curso de Férias de Tatuí (SP). É autor de várias trilhas sonoras para teatro, como a do espetáculo Cinema, de Anderson Aníbal, onde atua na direção musical e na regência. Renata Ciccarini também estudou na Escola de Música da UFMG, quando ainda funcionava no Conservatório, entre os anos de 1989 e 1996, onde completou o curso de formação musical. Neste mesmo ano, ingressou no curso de graduação em música da Universidade, tornando-se bacharel em Piano. Foi pianista da Gerais Big Band, participando da gravação do CD Mission Impossible, sob regência de Paulo Lacerda. Atua como pianista acompanhadora na Escola de Música da UEMG desde 2002 nas classes de saxofone, trompete e coral. Este ano conquistou o 1º lugar no concurso para pianista acompanhadora do Centro de Formação Artística (Cefar) do Palácio das Artes, onde acompanha alunos de canto, instrumento e coral. Radamés Gnattali (1906-1988) Com apenas nove anos, foi premiado por reger uma orquestra infantil, com arranjos de sua própria autoria. Aos 14 anos, iniciou os estudos de piano no Conservatório de Música de Porto Alegre, onde acabou dominando também a viola. Para sobreviver, tocava em cinemas e bailes e dava aulas particulares de piano. Aos 18 anos, fez seu primeiro recital no Instituto Nacional de Música do Rio de Janeiro. Em 1932, já casado e vivendo no Rio de Janeiro, resolveu dedicar-se à carreira de compositor e se lançou no mercado de música popular, com o objetivo de sustentar a família. Tocava em bailes de carnaval, operetas, festas e programas de rádio. Trabalhou nas rádios Clube do Brasil, Mayrink Veiga, Gazeta, Cajuti e Transmissora, na qual iniciou sua carreira como arranjador. Em 1943, a Rádio Nacional estreou o programa Um Milhão de Melodias, que durante treze anos apresentou músicas de todas as partes do mundo, com arranjos de Gnattali, a partir da então recém-criada Orquestra Brasileira de Radamés Gnattali. Buscando dar roupagem nacional às músicas estrangeiras que faziam sucesso com as big bands de Glen Miller e Benny Goodmane e enriquecer a música brasileira com arranjos mais sofisticados, a Orquestra Brasileira inovou, levando para o rádio versões e arranjos próprios. Radamés foi o primeiro a prestar homenagens a compositores como Ernesto Nazareth, Chiquinha Gonzaga e Zequinha de Abreu. Com Nazareth e Pixinguinha, descobriu a música popular, o choro e o samba. Experimentava novas formas de orquestrar e compunha para instrumentos que até então eram negligenciados pelos compositores brasileiros, como o violão elétrico e a harmônica de boca (a popular gaita). Em 1964, voltou-se para a música erudita, formando um duo de violoncelo e piano com Iberê Gomes Grosso e se apresentando em Berlim, Tel Aviv e Roma, com composições próprias e de Villa-Lobos. A experiência no rádio o levou para a TV Globo em 1968, onde trabalhou como maestro e arranjador durante 11 anos. Após sofrer dois derrames, faleceu em 1988. Quarta Cultural Criado experimentalmente em 2004 e consolidado ao longo de 2005, a iniciativa busca contribuir para a formação de público na área da música erudita e popular. "A grande aceitação do público e a parceria com instituições e artistas sensíveis à proposta permitiram que ela se consolidasse como alternativa de lazer cultural com entrada franca", explica Jane Medeiros, idealizadora do projeto. "É também uma maneira de a Universidade dar retorno à sociedade que a financia, abrindo ao público esse espaço maravilhoso que é o Conservatório", acrescenta. Temporada 2006 Conservatório UFMG Confira a programação do projeto Quarta Cultural para o primeiro semestre de 2006: Abril 26 - Grupo de madeiras Maio 3 - Orquestra da Escola de Música da UEMG 10 - Duo de percussão 17 - Cordas & Janelas 24 - D'amore - Árisas antigas 31 - "Vozes de Minas" Junho 21 - Grupo de Percussão do Cefar 28 - Gerais Big Band da UFMG
Renato Goulart e Renata Ciccarini conheceram-se na Escola de Música da Universidade, em 2000. Apresentaram-se juntos pela primeira vez na Mostra de Composições da UFMG. Em 2004, foram selecionados para o projeto Música da Universidade para a comunidade, realizado em Belo Horizonte.
Filho de pianista gaúcha e de um imigrante italiano, também músico, envolveu-se desde cedo com a paixão dos pais pela ópera, o que se refletiu nos nomes dos três filhos do casal: Radamés, Aída e Ernâni, todos personagens de obras de Verdi. Aprendeu as primeiras noções de música com a mãe.
Realizado sempre às quartas-feiras, às 12h30, com coordenação e produção da jornalista Jane Medeiros, o Quarta Cultural já se firmou como opção de lazer cultural de qualidade para o público que freqüenta o centro da cidade no horário de almoço. Além do evento, as demais séries de concertos do Conservatório, que terão início em maio, reservam grandes atrações para comemorar os seus 80 anos.
Além de homenagear os 250 anos de nascimento do músico e compositor austríaco Wolfgang Mozart e os 100 anos do maestro e compositor gaúcho Radamés Gnatalli, a temporada 2006 do Quarta Cultural contará com grandes atrações, do erudito ao popular, do instrumental ao canto coral. Haverá, ainda, espetáculos de percussão, grupo de madeiras e orquestra.
Em setembro de 2006, o Conservatório UFMG completa 80 anos. Nessas oito décadas, centenas de músicos – instrumentistas e cantores de gêneros variados – construíram sua formação, primeiro no Conservatório Mineiro de Música, depois na Escola de Música da UFMG, que ali funcionou até 1996. Da restauração de seu prédio, realizada em 2000 e que o transformou em centro de referência cultural, o espaço tem recebido seus antigos alunos para as mais variadas apresentações, em séries de concertos que transitam entre o erudito e o popular.
Professores do Cefar
Coordenador: Washington Vitalino
Mozart em Concerto (250 anos de Mozart)
Regente: Arnon Sávio
Emília Chamone
Tarcísio Braga
Duo de violões
Márcio Brito
Roberto d´Oliveira
Alunos de Canto do Cefar
Coordenadora: Elizabeth Xavier
Coral dos correios
Regente: Sérgio Canedo
7 - Grupo musical Cariúnas
Regente: Reginaldo Costa
Coordenador: Werner Silveira
Coordenador: Mauro Rodrigues