Uma cinemateca seria o local próprio para a conservação do acervo que compõe parte da história do cinema. Nela são guardadas as cópias originais dos filmes e os documentos a eles relacionados, como os roteiros originais. Já uma filmoteca busca trazer ao alcance do público esse tipo de material, antes restrito a poucos pesquisadores. É na transição entre esses dois modelos que se encontra o projeto de criação da Filmoteca Mineira, uma parceria da Escola de Belas-Artes (EBA) da UFMG com o Centro de Referência Audiovisual (Crav) de Belo Horizonte. “Muitas cópias de filmes que temos aqui são, com certeza, as únicas que existem em todo o mundo. Sobretudo no que se refere ao cinema mineiro, não há acervo como nosso”, afirma o coordenador do projeto, Luiz Nazário, professor do departamento de Fotografia, Teatro e Cinema (FTC) da EBA. Porém, a maioria das cópias já é bastante antiga e as películas se desgastam naturalmente a cada exibição. “Para garantir a preservação, apenas alguns pesquisadores tinham acesso ao material do acervo”, conta o professor. Formatos Devido ao grande acervo disponível, a criação da Filmoteca se concentrou na produção de dez DVDs com amostras significativas das principais categorias do acervo. O Crav produziu quatro discos. O primeiro inclui o filme brasileiro mais antigo ainda disponível, o curta-metragem Reminiscências, do mineiro Aristides Junqueira, além de dez animações sobre Belo Horizonte nos dias de hoje. Os outros três formam a série Memória e Cinema, composta por nove curta-metragens que resgatam a história do cinema mineiro. Os outros seis DVDs foram produzidos pela própria Belas-Artes. Entre eles está o único longa metragem da coleção, o filme Canção da Primavera, lançado em 1932 por Igino Bonfioli. Os outros títulos incluem Nota 10 Belas-Artes (que traz 10 das melhores animações produzidas na EBA), Flor do Caos (animação da série Trilogia do Caos) e Cineclubismo Mineiro (produções do cinema mineiro). Além dos DVDs, foram confeccionados quatro catálogos com todas as informações sobre os filmes e documentos da cinemateca e da biblioteca da EBA. Entre esse material se encontra catálogo de roteiros originais, contendo roteiros de filmes como Macunaíma. A partir da tecnologia disponível, o projeto Filmoteca Mineira espera receber recursos para viabilizar sua continuidade. Todo o material produzido ficará disponível para o público na biblioteca da EBA e no Crav. (Gerência de Comunicação da Fundep)
Foi com a difusão do DVD que se esboçou a possibilidade de estruturar uma filmoteca virtual. Utilizando discos digitais seria possível fazer cópias acessíveis ao público, sem perda de qualidade de imagem ou risco de desgaste do original. Outro obstáculo vencido foi a diversidade de formatos em que se encontravam os filmes. “Havia cópias em película, em fitas Betacam, VHS, super-8 e em outros formatos. O DVD permitiu que o todo o material se adaptasse a um só tipo de mídia e possibilitou a montagem de uma sala para reprodução”, explica Luiz Nazario.