O artista polonês Frans Krajcberg visitou, nesta quarta-feira, 24, o Museu de História Natural e Jardim Botânico da UFMG. O objetivo da visita, acompanhada pelo diretor do Museu, Fabrício Fernandino, foi avaliar proposta de doação de acervo do escultor à Universidade. Em contrapartida, a instituição criaria um espaço exclusivo no Museu para a arte de Krajcberg, que já conta com ambientes semelhantes em Curitiba, Paris e Nova Viçosa, e em construção na cidade de São Paulo e no norte da Bahia. "Eu raramente vendo minhas esculturas. Todos as obras dos espaços que tenho foram doadas. E Minas Gerais é muito importante para mim, pois foi em Cata Branca que nasceu minha primeira escultura", argumenta Krajberg, que, ao lado de Fabrício Fernandino, caminhou pelas áreas verdes e conheceu instalações do Museu, como o Palacinho e o presépio Pipiripau. "É difícil acreditar que em BH exista área tão bonita e verde. Contudo, creio que o espaço preciso ser reestruturado", expõe. Segundo Fabrício Fernandino, a UFMG e o artista ainda estão "namorando" a proposta de doação do acervo. "Trata-se de um pré-projeto. O acervo de Krajcberg é fabuloso e ele gostaria que parte de sua obra estivesse exposta em BH, com a finalidade de divulgar a defesa da vida". Segundo Fernandino, na capital mineira, não há local mais adequado do que o Museu para a iniciativa. "Contudo, ainda é preciso organizar o espaço e analisar área específica para a arte de Krajcberg", avalia. Frans Krajcberg Em seus primeiros anos no Brasil, Krajcberg praticava pintura bastante influenciada pelo Cubismo e pelo Expressionismo. Contudo, intoxicou-se com as tintas e parou de pintar. "Foi com restos de madeira abandonados em locais de mineração que descobri pigmentos e cores naturais. Descobri a liberdade conhecendo a natureza", expõe. O artista realiza diversas de suas esculturas em árvores resultantes de queimadas, procurando demonstrar sua inquietação diante da devastação da natureza pelo homem. "Depois que descobri a violência, quis mostrar essa violência. A escultura, os restos e o fogo - mais do que a pintura - transmitem muito mais minha revolta", avalia.
O artista Frans Krajcberg nasceu em Kozienice, na Polônia, em 1921. Foi combatente do Exército Soviético durante a Segunda Guerra Mundial e viveu na Alemanha depois do conflito, tendo estudado entre 1945 e 1947 na Academia de Belas-Artes de Stuttgart, como aluno do célebre Willy Baumeister, professor da Bauhaus. Em 1948, emigrou para o Brasil. Morou inicialmente em São Paulo, onde trabalhou como pedreiro e faxineiro, até tornar-se ajudante de montagem da I Bienal de São Paulo.