Tomaram pose nesta quinta-feira, 29, para o segundo mandato à frente do Instituto de Ciências Exatas (ICEx), Bismarck Vaz da Costa e Cesar de Souza Eschenazi, nos cargos de diretor e vice-diretor, respectivamente. Os docentes foram reconduzidos ao cargo após consulta realizada na unidade no dia 5 de abril. A solenidade foi conduzida pela vice-reitora Heloisa Starling, em virtude de problemas de saúde do reitor Ronaldo Pena. Contudo, o reitor fez questão de comparecer à cerimônia e integrou a mesa oficial ao lado da vice-reitora e dos diretores reeleitos. O diretor reeleito do ICEx agradeceu o apoio de colegas, professores e funcionários que colaboraram com sua gestão, especialmente o vice-diretor César Eschenazi, que “acompanhou e dividiu a responsabilidade da direção” à frente da diretoria da unidade. Bismarck destacou como pontos importantes de sua primeira gestão a reorganização da Seção de Serviços Gerais e do estacionamento; a redistribuição de recursos da grade orçamentária da Universidade, “aumentando a cota destinada ao ICEx”, e a consolidação do Sistema de Matrícula on-line (ambos, com apoio da pró-Reitoria de Graduação) bem como a apresentação, à Congregação da Unidade, do projeto Fácil, “que exime projetos de extensão com valores inferiores a R$ 1 mil de serem apreciados por aquela Câmara”. Ele também traçou metas deste segundo mandato para “consolidação e a realização de um plano acadêmico consistente”, como a reformulação do Centro de Extensão (Cenex) e a possibilidade de que a Seção de Compras possa “comprar sem a intervenção de fundações de apoio”, o que seria, na sua opinião, “um grande ganho para a comunidade”. Eber Faioli Educação em debate Em seu pronunciamento, definiu como “extremamente grave" o momento em que vive a universidade, "que soube se preservar ao longo de mais de 2000 anos, não aderindo a ideologias, partidos políticos ou ditadores de plantão”. Classificando o acesso à Universidade como “um prêmio”, destacou que a educação é um direito inalienável de todos. “No entanto, é preciso que se tenha bem claro que a discussão nunca se dará acerca do fato de não termos todas as vagas necessárias para todos os que queiram”, frisou. Bismarck afirmou ainda que a criação de cotas para as diversas classes sociais terá efeito "interessante": “ao mesmo tempo que cria uma disputa intra-classes, satisfaz momentaneamente as aspirações das classes mais pobres, evitando um confronto social”. E convocou os presentes a “ousarem saber”, pois “a Academia de Platão, fundada em 387 a.C. no bosque de Academos, próximo a Atenas, precisa resistir”. Cooperação O discurso preparado por Ronaldo Pena destacou a educação brasileira como “um sistema de ensino superior público único na América Latina” e afirmou que muito da trajetória do ensino público no país pode ser representado pela própria trajetória do ICEx. Contudo, afirmou que, mais do que celebrar o passado e festejar as glórias do presente, é preciso destacar e realçar os desafios do futuro. O reitor chamou a atenção dos dirigentes e da comunidade do ICEx para os elevados índices de retenção, “que há vários anos, são, infelizmente, também uma característica deste Instituto”, e a conseqüente evasão escolar. Em seu pronunciamento, destacou e deu razão aos comentários da professora emérita Beatriz Alvarenga, também presença à solenidade, ao observar a elevada repetência em diversas disciplinas ministradas no ICEx. “O professor é o único profissional que se orgulha do fracasso. Ele costuma dizer: meu curso é de excelente qualidade, porque só metade dos estudantes consegue nele ser aprovada”, dizia Beatriz Alvarenga. “Elevados índices de reprovação, ao contrário do que se possa pensar, sugerem mal desempenho da relação ensino-aprendizagem”, afirmou Ronaldo Pena. Pena conclamou a comunidade do Instituto para não se ausentar das discussões sobre “os grandes temas que constam da agenda nacional, em relação ao ensino superior”, como a expansão do ensino superior, a busca da excelência, a inclusão social, a presença na sociedade e mudanças no vestibular. “Vamos dar o melhor de nós, de nossas obras, de nossas idéias. Receber, em troca, o privilégio de participar desta grande aventura da humanidade, em sua busca pelo conhecimento, na construção de um país, de uma civilização”, reinvidicou. Quem são Cesar de Souza Eschenazi formou-se em Matemática, em 1977, na UFRJ, onde tornou-se mestre, na mesma área, em 1981. É doutor em Matemática, desde 1992, pela PUC-RJ e professor na UFMG desde 1982. Em 2002, foi eleito vice-diretor da Unidade.
Reitor assina termo de posse da nova diretoria do ICEx
O diretor também abordou temas em debate na Universidade, como o aumento do número de alunos, o ensino a distância e a questão das cotas. Bismarck afirmou que é preciso cautela quanto ao aumento do número de alunos, e disse que “o crescimento do número de pessoas atendidas, sem o aporte adequado de recursos para sua manutenção e constante adaptação, destruirá a Universidade em pouco tempo, transformando-a em mero instrumento para distribuição de diplomas, como ocorreu com os ensinos de primeiro e segundo graus”. Ele enfatizou que a implementação da educação a distância “terá que ser discutida, de forma responsável, com os departamentos, para que possamos decidir qual a melhor política na área”.
A vice-reitora Heloísa Starling leu o discurso preparado por Ronaldo Pena para a solenidade. Heloisa felicitou os professores Bismarck Vaz da Costa e Cesar de Souza Eschenazi, por mais um mandato à frente do Instituto, nos cargos de diretor e vice-diretor, respectivamente, e afirmou que “o sucesso do Reitorado depende, em parte, do êxito da administração do ICEx”. Enfatizou ainda a importância do espírito de colaboração e cooperação entre as unidades e o Reitorado.
Bismarck Vaz da Costa graduou-se em Física, em 1977, pela UFMG, Universidade pela qual tornou-se mestre, em 1981, e doutor, em 1987. Concluiu seu primeiro pós-doutorado, em 1990, pela Institut fuer Theoretiche Physik, na Alemanha, e o segundo, em 1997, pela University of Georgia-Center for Simulational Physics, nos Estados Unidos. Professor-adjunto da UFMG, chefiou o Departamento de Física entre 1998 e 2000 e dirigiu o Icex no período 2002-2006.