Um soldado vai para a guerra sem saber porquê está ali. Soa familiar? Guerras sem sentido existem desde muito antes do tempo de Fernando Arrabal, dramaturgo espanhol que escreveu a peça Pic-nic no front, em 1954. O grupo Arte Brasil apresenta, hoje, uma adaptação dessa peça às 21h, no Teatro da Casa da Glória, em Diamantina, dentro da programação do 38º Festival de Inverno da UFMG. O texto foi baseado na Guerra da Coréia, conflito que aconteceu na década de 1950. E com guerras tão presentes hoje, como as do Iraque e a da Faixa de Gaza, o absurdo da guerra parece muito atual. Sob esse aspecto, de 1954 para cá pouca coisa mudou. "Parece até que o texto foi escrito ontem", comenta Mauro Maia, ator do grupo. Mas se engana quem pensa que a peça é um drama. Arrabal, para tratar do tema, usa elementos do teatro do absurdo. A história do soldado perdido no meio do conflito continua com a visita de sua família ao front de batalha. Então, aproveitando a visita, resolvem fazer um piquenique ali mesmo. E é neste diapasão totalmente estranho que a peça caminha, associando elementos do teatro de rua e da Comédia DellArte, que é baseada em personagens exagerados e estereotipados. "O diretor Eduardo Moreira ensaiava Um Homem é um homem enquanto montava o Pic-nic no front, por isso muitos elementos de uma peça ajudaram na outra. Inclusive, são dois dramaturgos de peso do século XX que dialogaram neste processo", diz o ator Mauro Maia, que em Pic nic no front interpreta um profissional da Cruz Vermelha que, em vez de procurar os feridos, se interessa apenas pelos mortos. Mais absurdo que isso, só a guerra. Outras atrações Às 19h, o compositor e violonista Weber Lopes, acompanhado de trio, apresenta o shwo M.A.P.A, na capela Imperial de Nossa Senhora do Amparo. E às 20h será aberta a exposição Olhar Diamantina, dos artistas Clébio Maduro, Fabrício Fernandino, Mário Azevedo, Mário Zavagli, Paulo Baptista (UFMG). O local é o Mercado Velho de Diamantina. A exposição poderá ser visitada diriamente, de 19 a 28 de julho, das 10h às 18h.
Diálogo
A atual montagem de Pic-nic no front é dirigida por Eduardo Moreira, ator do grupo Galpão que atua na peça Um Homem é um homem, também com a mesma temática, adaptada de texto homônimo do alemão Bertold Brecht, de 1927. A montagem, que segue em cartaz em circuito nacional, também trata da falta de sentido da guerra.
Dentro da aprogramação de hoje do Festaival, acontece tambem, às 18h30, exibição de vídeos dos diretores Regina Vater e Rodrigo Minelli (EUA e UFMG), seguido de bate-papo. O local é o anfiteatro da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri.