Dois acordeonistas cegos do interior de São Paulo; dois mendigos cantores, um francês e outro búlgaro; dois músicos de uma antiga corporação paulista. Esses são os personagens que se apresentam hoje à noite no Auditório da Casa da Glória. Mas não se assuste, o espetáculo Personas Sonoras, de Lívio Tragtenberg, é uma conversa musical desses músicos com o próprio Tragtenberg. Enquanto no telão são mostradas imagens dos artistas de rua tocando, o compositor paulista vai tocar seus instrumentos ao mesmo tempo. No repertório dos músicos estão valsa, samba, marchas e dobrados. E completa: "É um espetáculo que tem um lado emotivo muito grande. Não esperava isso quando o idealizei, mas o público fica muito emocionado". Oficina Suas idéias são coerentes com a proposta de interatividade do Festival, pois ele sempre está combinando música com teatro, cinema e poesia. Nesta edição, além de se apresentar, Tragtenberg ministra a oficina Criação musical e narrativas. A proposta da oficina é despertar no estudante as diferentes possibilidades que ele tem de Já na primeira aula o professor propôs aos alunos descobrirem as narrativas que estão incrustadas na cidade. Para isso, eles vão sair com gravadores e papel em mão para coletar sons e textos da cidade. Dessa forma, os estudantes vão construir uma "visão sonora da cidade", explica Lívio Tragtenberg. Mais notícias sobre o Festival aqui.
Preocupado com o que pode o público pensar de sua música experimental, Lívio Tragtenberg, deixa claro sua proposta: "Não se trata de uma música difícil, uma música que espanta, pelo contrário, eu trabalho com gêneros musicais que as pessoas têm mais convivência, como dobrado, valsa. É para o pessoal não ter medo de ir lá, porque iria ouvir uma coisa difícil, muito abstrata".
É a segunda vez que Lívio Tragtenberg vem a Diamantina. A primeira, há alguns anos, para dar uma palestra no Festival, que o conquistou: "Achei o ambiente muito interessante, em termos de concentração e trabalho, porque os festivais têm muita festa e pouco trabalho. No Festival da UFMG eu percebi que tem um grupo interessante trabalhando". O músico, autodidata, diz que aprendeu com os "melhores mestres: disco, partituras, livros" e se define como um compositor, pois "compositor põe as coisas juntas".
trabalhar a música, sem medo de criar.