Cláudio Nadalin/Divulgação |
Os sambas tradicionais nasciam na mesa do bar e foi assim também que nasceu o concerto cênico-musical A Flor e o espinho que a cantora lírica Sylvia Klein e o pianista Wagner Sander apresentam hoje, às 20h30, no Conservatório Lobo de Mesquita. A proposta desse espetáculo é resgatar os sambas antigos, que a geração de hoje pouco conhece, como a música título, de Nelson Cavaquinho. Andréa Dário, diretora e produtora do concerto, conta que estavam, Sylvia, Wagner e ela, em uma mesa de bar com alguns amigos quando começou a tocar A Flor e o Espinho: "Eles ficaram emocionados com a música e começaram a relembrar sambas antigos. Daí nasceu a proposta de fazer um concerto só de samba, mas um Samba de Casaca - nome do CD de Sylvia, a ser lançado hoje, com todo rigor operístico". Carnavalescamente Mas ela adianta que cresceu ouvindo samba: "Tenho muitos parentes músicos. Cresci ouvindo a boa música popular brasileira. Mesmo que hoje seja cantora lírica, não deixo de ouvir samba". Assim, produzir um espetá-culo híbrido não foi difícil. Como Sylvia e Wagner têm formação em música erudita, adaptaram-no para o gênero com o qual têm mais intimidade. Os arranjos para o piano, feitos por Antônio Celso Ribeiro, substituem os instrumentos tradicionais do samba, como cavaquinho e violão de sete cordas. O espetáculo também não tem nenhum instrumento de percussão. Andréa conta que o concerto deve criar polêmicas: "Quero ver o que um sambista vai falar de uma cantora lírica cantando um samba sem aquela percussão toda e o que um cantor lírico tradicional vai falar de uma cantora lírica, com todo rigor operístico, cantando samba", provoca. Surpresas à parte do espetáculo, Sylvia Klein e o marido Stephen Bronk, residindo há três anos em Belo Horizonte, planejam construir um teatro no bairro de Santa Tereza, onde sediarão sua Companhia de Ópera Buga, a primeira do gênero a existir no Brasil. A proposta é lançar novos cantores e solistas, trabalhando com compositores contemporâneos. Em pauta, os trabalhos de Arrigo Barnabé e Tim Rescala.
Tudo se passa numa quarta-feira de cinzas, dentro de um barracão-botequim ainda cheio de confetes e serpentinas carnavalescas. A cantora lírica do bar, então, canta sambas acompanhada ao piano, como se fosse um programa de rádio. Como essa mistura pode dar certo? "Não posso contar tudo, algumas coisas são surpresa. Tem que ir conferir", responde Sylvia.