O Observatório Astronômico Frei Rosário e o Museu de História Natural e Jardim Botânico, da UFMG, deverão receber 500 alunos de escolas públicas de Belo Horizonte para acompanhar o eclipse do sol que ocorrerá na manhã dessa sexta-feira, dia 22. Além de usar as instalações do próprio Observatório, na Serra da Piedade, em Caeté, os astrônomos da UFMG montarão um posto de observação no Museu de História Natural e Jardim Botânico, localizado no bairro Horto, na capital. "Esta é a primeira vez nos últimos 15 anos que o Museu servirá de palco para observações astronômicas", informa o professor Renato Las Casas, coordenador do Frei Rosário. Dois grupos formados por 14 pessoas - entre professores, estudantes e astrônomos amadores - ficarão a postos na Serra da Piedade e no Horto para receber e orientar os estudantes. Segundo o professor Las Casas, atenção especial será dada aos métodos de observação. "Vamos ensinar as pessoas a preparar 'apetrechos´ que permitirão uma observação adequada do fenômeno, evitando, inclusive, danos à visão dos jovens", explica o professor. Entre esses métodos, os tradicionais telescópios - que demandam filtros especiais - e outros mais alternativos, como as câmeras pin-hole (leia orientações no final do texto). O trabalho de divulgação do fenômeno foi precedido por palestras realizadas em seis escolas de Belo Horizonte. A equipe do Observatório também encaminhou material didático para as outras escolas da Região Metropolitana que enviarão alunos para a observação do eclipse no Museu e na Serra da Piedade. O eclipse do dia 22 de setembro começará às 6h30, com término às 8h56. Seu ápice - momento em que 45% do sol será ocultado - ocorrerá às 7h38. Embora não seja um eclipse de grandes proporções - isso ocorre em casos de eclipse total -, o professor Renato Las Casas acredita que a observação será proveitosa. Mais informações podem ser obtidas no endereço www.observatorio.ufmg.br, e-mail astrovis@fisica.ufmg.br ou telefone (31) 3409-5679. Leia, a seguir, texto produzido pela equipe do Observatório Astronômico sobre o eclipse e como observá-lo: O que é eclipse No eclipse de 22 de setembro, o disco de sombra não passará por território brasileiro; apenas parte do disco de penumbra passará. Veremos portanto um Eclipse Parcial do Sol. Em Belo Horizonte a ocultação do Sol que veremos chegará a 45%. A Terra, em seu movimento de rotação, gira de oeste para leste. A Lua, em seu movimento de translação em torno da Terra, também gira de oeste para leste. Devido a esses movimentos conjugados, a sombra da Lua também atravessa a superfície da Terra (parte iluminada pelo Sol) de oeste para leste, com uma velocidade aproximada de 4.000km/h. O primeiro lugar a ver um determinado eclipse o vê ao nascer do Sol e o último lugar o vê no por do Sol. Em Belo Horizonte o eclipse começará às 6:30h e terminará às 8:56h. O máximo de ocultação (45%) ocorrerá às 7:38h. Como observar um eclipse solar O Uso de Filtros NÃO USE: plásticos coloridos; vidros esfumaçados; filme colorido velado; filme preto e branco cromogênico; filtros fotográficos de densidade neutra (qualquer densidade); qualquer combinação de filtros fotográficos, inclusive polaróides cruzados; óculos escuros; filtros comuns de ocular; qualquer filtro que não se saiba se é realmente seguro. USE: vidro de Soldador (número 14 ou maior); filme preto e branco comum (à base de prata) exposto à luz e revelado (sobreponha dois ou três desses filmes, fazendo assim um "sanduíche"); filtros com filmes metálicos, especiais para observação do Sol. Não observe mais que alguns segundos seguidos. Observação por reflexão Um ótimo método consiste na projeção "pin-hole", onde a imagem do Sol é formada em um anteparo após sua luz passar por um minúsculo orifício. Esse orifício pode ser feito em um simples cartão (quanto maior melhor, pois aumentará o contraste da imagem) com a imagem projetada na parede ou no chão, por exemplo. A utilização de uma câmara "pin-hole" permite excelentes imagens do fenômeno. Um método bom e prático: a utilização de um pequeno espelho (do tamanho de uma moeda de dez centavos). Caso você não tenha um, faça uma máscara para um grande, deixando apenas uma pequena parte de sua superfície à mostra. Utilize esse pequeno espelho para refletir a luz do Sol em algum anteparo, formando aí a sua imagem. O uso de instrumentos ópticos Filtros com filmes metálicos, especiais para a observação do Sol, devem ser usados na objetiva, nunca na ocular. Máscaras na entrada do telescópio podem ser um ótimo complemento para essesfiltros. Os instrumentos ópticos mais populares vêm acompanhados com filtros para oculares. O uso desses filtros são completamente desaconselhados para observação do Sol. Objetivas grandes apresentam os inconvenientes de perigo de superaquecimento interno na região focal e imagens mais turbulentas devido a correntes térmicas na atmosfera e no próprio tubo do telescópio. Tamanho ideal: entre 150 e 200 mm. Caso você tenha um equipamento óptico e não tenha um filtro especial para observação do Sol (em geral são muito caros), você pode fazer sua observação por projeção. Nesse caso, siga os diagramas abaixo. Em qualquer caso de observação com instrumento óptico, as oculares aconselhadas são aquelas em que as lentes não se tocam, como as Plossol ou Huygens. Dê preferência às mais baratas.
Imagine uma melancia exposta à luz do Sol. Imagine que você passe uma laranja entre a melancia e o Sol. A sombra da laranja vai cruzar a parte da superfície da melancia que é iluminada pelo Sol, de uma borda à outra. Troque a melancia pela Terra e a laranja pela Lua. Populações que se encontram por onde a sombra da Lua passa, vão vendo um eclipse do Sol. A sombra da Lua sobre a superfície da Terra tem a forma de um disco. De qualquer ponto desse disco não se pode ver nem "um pedacinho do Sol". Esse disco de sombra fica no centro de outro de penumbra. A partir desse disco de penumbra, pode-se ver apenas parte do Sol; quanto mais perto se está do disco de sombra, maior a ocultação do Sol vista.
O seu principal cuidado deve ser com a radiação ultra violeta do Sol. Uma observação inadequada poderá permitir que o ultra-violeta da coroa solar chegue à sua retina.A radiação ultra-violeta em excesso não doerá, mas uma vez recebida poderá levá-lo em alguns anos à cegueira.
Filtros podem cortar a luz visível sem cortar a ultra-violeta. Por cortar a luz visível, sua pupila se dilatará, deixando sua retina exposta à ultra-violeta. Muito cuidado portanto na escolha de um filtro de observação. A saúde de seus olhos dependerá dessa escolha.
Alguns dos métodos mais seguros de se observar o Sol utilizam a sua reflexão. Pela imagem do Sol refletida em uma bacia com água, podemos acompanhar a passagem do disco lunar sobre o disco solar, sem qualquer possibilidade de danificarmos nossa visão. Esse método apresenta o inconveniente da necessidade da superfície da água ficar estática.
Um Telescópio, Luneta ou Binóculo, não é o instrumento mais apropriado para quem quer apenas acompanhar um eclipse de uma forma geral. É muito importante lembrar que o dispositivo óptico aumenta muitíssimo a concentração de luz no foco; aumentando assim, também muitíssimo, a possibilidade de acidentes com suas vistas.