Nesta quarta-feira, dia 27 de setembro, o projeto VivaMúsica, da Escola de Música da UFMG, apresentará as pianistas Ana Cláudia Assis e Alice Belém, que vão executar obras de compositores do “Música Viva”, um movimento iniciado no Brasil nos anos 40 e liderado pelo compositor Hans Joachin Koellreutter. O espetáculo acontece às 18h30, no auditório Fernando Mello Vianna da Escola de Música. No programa, Ana Cláudia Assis apresenta “Música 1941 (Tranqüilo – Muy expressivo – Muy ritmado e destacado), de H.J. Koellreutter; Música n.2 (Allegro – Largo) e Dez Bagatelas, de César Guerra-Peixe; Sonatina (1º movimento: Calmo-Animado), de Eunice Katunda. Já Alice Belém apresentará as obras 1ª Série de 4 Peças para piano e 2ª Série de 6 Peças para piano, de Cláudio Santoro, e Epigramas, de Edino Krieger. Haverá participação especial do músico Marcos Filho (projeção e áudio). Durante o espetáculo, acontece também a leitura do Manifesto 1944 e Carta de Eunice Katunda, pela professora da UFMG, Jussara Fernandino. Antes do concerto, às 17h40, a professora Ana Cláudia Assis faz palestra sobre o tema “Os doze sons do Música Viva”. O movimento Era o Movimento “Música Viva”, que Koellreuter formou ao lado de jovens compositores, intérpretes, musicólogos e professores. Entre as propostas desse movimento expressas em documentos e manifestos, estavam, entre outras, cultivar a música contemporânea de todas as tendências, considerada como a expressão da época; promover uma educação musical ampla, revendo conceitos e posições doutrinárias; e lutar pela liberdade e pela criação de formas novas na música brasileira. Os integrantes do “Música Viva” promoveram concertos pelo Brasil, apresentando obras em primeiras audições, atuaram na formação de músicos e de público, divulgaram suas idéias em artigos e boletins, publicaram composições e ainda apresentaram um programa semanal na Rádio Ministério da Educação, no Rio de Janeiro, divulgando um repertório pouco conhecido de música de várias épocas, além de primeiras audições de criações dos compositores participantes e muita música do século XX. Tudo isso representou uma nova dinâmica na vida musical, movimentando-a em direção à modernidade e apontando para o desenvolvimento de novos tempos. Ao lado de Koellreuter, participaram do Movimento “Música Viva” Cláudio Santoro, Edino Krieger, Ester Scliar, Eunice Katunda, Guerra Peixe, Geny Marcondes, entre outros. Em 1948, o engajamento no movimento levou vários dos seus integrantes à Europa, para cursos no Centro Internazionale di Musica Contemporanea em Milão e para participar do XI Festival Internacional de Música Contemporânea da Bienal de Veneza, quando Koellreutter atuou como assistente de seu ex-professor, o regente Hermann Scherchen. As intérpretes Alice Belém, bacharel em piano pela UFMG, estudou sob orientação de Celina Szrvinsk. Nessa mesma instituição, concluiu o mestrado em performance musical. Atuou como pianista do Grupo de Percussão da UFMG e em vários outros grupos de câmara, desenvolvendo um trabalho de divulgação do repertório do século XX. Atualmente é professora na Fundação de Educação Artística e na Escola de Música da UEMG. Seus estudos de piano estão sob a orientação de Luis Senise. (Setor de Divulgação da Escola de Música)
Em 1939, ao nacionalismo identificado com a ditadura Vargas opõe-se o Movimento “Música Viva”, liderado pelo músico, compositor e professor alemão Hans Joachim Koellreuter, introdutor da música dodecafônica no Brasil. Nos anos 40, Koellreutter, recém-chegado da Alemanha, começava em São Paulo um trabalho já iniciado no Rio de Janeiro e que viria a ser reconhecido como inovador pelas informações que trazia e pelas novas técnicas de ensino de música. Suas aulas e conferências eram polêmicas, reunindo jovens interessados em mudanças num ambiente musical considerado provinciano.
Ana Cláudia de Assis é professora adjunta da Escola de Música da UFMG. Como pianista tem-se dedicado ao repertório brasileiro contemporâneo, sendo responsável por estréias brasileiras e internacionais de obras de Almeida Prado, César Guerra-Peixe, Eunice Katunda, dentre outros. Em 1998 gravou parte do repertório solo de Almeida Prado, no CD Os Sons de Almeida Prado. Seus projetos de pesquisa, voltados à produção musical brasileira, buscam conciliar as práticas musicológica e a prática interpretativa.