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Nesta terça-feira, 21 de novembro, o tema Dinâmicas de exploração e representação das relações de trabalho orienta as discussões do segundo dia do IV Seminário Internacional Universidade, Trabalho e Trabalhadores. O evento é promovido pelo Núcleo de Estudos Sobre o Trabalho Humano (Nesth) da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (Fafich), da UFMG. A partir de 8h30, o professor Paulo Roberto Andrade, da Universidade Federal de Uberlândia, coordena a mesa-redonda Arranjos Produtivos Locais, entre produção político-cultural e exploração de recursos naturais, que conta, entre seus debatedores, com o presidente do Nesth, Carlos Roberto Horta. Na parte da tarde, Vanderlei Martini, representante do MST, Giuseppe Cocco, da Universidade federal do Rio de Janeiro, e Dirlene Marques, representante do Fórum Social Mineiro, debatem, a partir de 14h, Novas formas de representação e auto-representação dos trabalhadores: fóruns sociais e novos atores. O seminário segue até o dia 24 de novembro com mesas-redondas no auditório Sônia Viegas, da Fafich, no campus Pampulha da UFMG. A programação do evento pode ser acessada na página www.fafich.ufmg.br/nesth. Informações também no telefone (31) 3409-5069 ou 3409-5099. Novas configurações "Esse processo se deve ao fato do capitalismo promover a informalização, o que gera novas categorias trabalhistas, responsáveis pela mudança na morfologia das lutas sociais", explica o professor Antunes. Martha Roldán, representante da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais, na Argentina, discorreu sobre o “capitalismo da informação”. Segundo ela, o sistema de produção capitalista vive a terceira revolução industrial informacional, em que o caráter privado da informação se sobrepõe ao seu valor social. Para a especialista argentina, a privatização prejudica a configuração da luta de classes, por desvalorizar a informação, o conteúdo e a apropriação do conhecimento pelo trabalhador em favor do tempo. Representante do Instituto Observatório Social, Alexandre Barbosa abordou, principalmente, o processo de delocalização (termo de origem francesa, que pode ser traduzido como deslocalização) das empresas, tendo como base os motivos que levam multinacionais a investir no mercado externo. Segundo ele, ao investir em outros centros, as empresas transnacionais desejam muito mais ocupar mercados e ter acesso aos recursos naturais e tecnológicos disponíveis do que reduzir os custos de trabalho. "Contudo, os trabalhadores enfrentam uma redução dos padrões trabalhistas, o que inclui, por exemplo, a liberdade de organização", pondera Barbosa. A mesa-redonda foi encerrada com a exposição de Luís Antônio Cardoso, da Universidade Estadual do Norte Fluminense, sobre a responsabilidade social empresarial. Sua análise centrou-se em duas perspectivas. Na primeira, ainda dominante entre as organizações modernas, mostra que a responsabilidade social é "um exercício de filantropia". Em contrapartida a esse modelo, Luís Cardoso vislumbra o surgimento de uma vertente da responsabilidade social com base no pensamento social-democrata europeu. "Por essa perspectiva, a saúde, a educação, e a segurança do trabalhador são valorizadas quando a empresa passa a considerá-lo como determinante para o seu funcionamento", avalia.
Na tarde desta segunda-feira, Ricardo Antunes, da Universidade de Campinas, iniciou o debate sobre Globalização, delocalização e responsabilidade social empresarial , questionando a precarização do trabalho em escala global e a disparidade das condições de trabalho entre os países desenvolvidos e os tidos como emergentes.