Na tarde desta quarta-feira, 22 de novembro, dentro da programação do seminário Inclusão social: experiência e imaginação, foram discutidos, na Faculdade de Educação (FaE) da UFMG, modelos nacionais e internacionais de democratização do ensino superior. O debate Políticas de inclusão social - cortejando diferenças reuniu, no auditório da FaE, os professores Jerry D´Ávila, da Universidade da Carolina do Norte, Emir Sader e Peter Fry, ambos da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ). Jerry D'Avila iniciou a discussão destacando a experiência norte-americana com políticas de ação afirmativa, onde o sistema de cotas é ilegal há 30 anos. “Como não há vestibular, o modelo de ingresso nas universidades se dá por um conceito de mérito que valoriza esportistas, músicos e pessoas pobres”, afirmou. Para o professor americano, “todas as sociedades sofrem com a desigualdade social e econômica, mas como as características culturais são diferentes, as questões não podem ser resolvidas pela adoção de um modelo externo. É necessária a reflexão da sociedade”. Segundo D'Avila, a experiência, nos Estados Unidos, não poderia ser aplicada ao Brasil, onde a divisão categórica entre brancos e negros não é bem definida pela sociedade. O professor Emir Sader, da UERJ, comentou que a multiplicação do trabalho informal é a base da exclusão social. Para ele, “a polarização entre ricos e pobres é um dos fatores que justifica a posição do Brasil como o país mais desigual do mundo”. A favor das cotas para alunos de escola pública, Sader afirmou que "os modelos econômicos reproduzem a desigualdade" e criticou a "dificuldade de tramitação, no Congresso, de políticas de inclusão". O professor defendeu que a sociedade deve lutar pela aplicação e aprovação das cotas, mas conclui ser "preciso resolver o problema do analfabetismo funcional, que atinge três quartos da população brasileira, antes de se pensar em políticas de inclusão para as universidades". A discussão sobre cotas raciais foi aprofundada por Peter Fry, também da UERJ. Segundo ele, "as pessoas a favor das cotas vêem o Brasil como uma sociedade de grupos raciais distintos, sendo a miscigenação usada como justificativa para o mito da democracia racial". Contra essa idéia, Peter Fry comentou: “A discriminação reproduz a desigualdade, sendo necessário combatê-la, em vez de enfatizar o conceito de raça por meio das cotas”. No encerramento, o antropólogo ressaltou que “as cotas raciais não são as únicas medidas de inclusão, pois a cota para estudantes de escola pública, por exemplo, já abrange pessoas de diversas cores”. Para Peter Fry, a melhor medida seria “revolucionar os métodos de ensino e ampliar as vagas nas universidades”. Quinta-feira A primeira mesa-redonda sobre a questão, às 9h, reunirá os professores José Jorge de Carvalho, da UnB, Maria Cristina Motta de Toledo, da USP, e Mauro Mendes Braga, Pró-reitor de Graduação da UFMG. Às 14h30, também na Faculdade de Medicina, analisam as experiências brasileiras os professores Sônia Wanderley, da UERJ, Jocélio Teles dos Santos (UFBA) e Leandro Russovski Tessler (Unicamp). Confira a programação completa do seminário está disponível no site do evento.
As atividades do seminário Inclusão social: experiência e imaginação prosseguem, nesta quinta-feira, 23 de novembro, a partir das 9 horas, com discussão sobre o tema Experiências brasileiras: construção de alternativas, no Salão Nobre da Faculdade de Medicina, campus Saúde da UFMG.