Faleceu em Belo Horizonte, na manhã desta terça-feira, aos 78 anos, a poetisa, escritora e jornalista Laís Corrêa de Araújo Ávila. Ela estava internada há cinco meses no hospital Life Center, com problemas renais. O corpo está sendo velado no cemitério Parque da Colina, onde será sepultado nesta quarta-feira, às 11h. Laís deixa viúvo o poeta Affonso Ávila e os filhos Paulo, Miriam - professora da Faculdade de Letras da UFMG, casada com o professor de filosofia, Rodrigo Duarte -, Cristina, que é historiadora, o também poeta e jornalista Carlos Ávila e Mônica, residente em São Paulo. Junto com seu marido, o poeta Affonso Ávila, Laís Corrêa de Araújo exerceu larga influência no meio literário de Minas Gerais, como poeta, ensaísta, editora do Suplemento Literário de Minas Gerais e titular da coluna Roda gigante, publicada regularmente durante muitos anos no jornal Estado de Minas. Além de artigos de crítica literária, publicou um livro de ensaios sobre o poeta Murilo Mendes, com quem manteve intesa correspondência. Sua obra mais recente, Inventário, que reúne poemas publicados em livro entre 1951 e 2002, saiu em dezembro de 2004, pela Editora UFMG, com ensaio crítico de Maria Esther Maciel. (Clique para ler na íntegra) Segundo ele, "com Inventário, a Editora UFMG teve a honra de publicar a antologia da obra de Laís Corrêa de Araújo, que sem dúvida será lembrada especialmente pela excelência de sua poesia", Já o diretor da Faculdade de Letras da UFMG, Jacyntho Lins Brandão, diz considerar Laís Corrêa de Araújo "uma das personalidades literárias mais importantes da segunda metade do século 20 em nosso país". Depois de mencionar sua atividade como poeta e ensaísta, ele completou: "Entre os trabalhos que realizou, destaco sua passagem pela Biblioteca Pública do Estado, como diretora. Em recente pesquisa que fiz, percebi que a mão de Laís estava lá, em vários lugares". Dados biográficos Em 1959 criou a coluna Roda gigante no jornal O Estado de Minas; em 1960, colaborou no jornal O Estado de S. Paulo. Participou no Segundo Congresso Brasileiro de Crítica e História Literária, em 1961, onde travou contato com Haroldo de Campos. Participou, ainda, na Semana Nacional de Poesia de Vanguarda, realizada na Reitoria da UFMG, em 1963. Em 1992 ocorreu, em Ouro Preto, a publicação de seu livro Caderno de Traduções, com textos de poesia e prosa de André Breton, Enrique Anderson Imbert, Javier Villafãne, entre outros. Também fazem parte de sua obra poética os livros Cantochão (1967), Maria e companhia (1983), Decurso de prazo (1988) e Pé de página (1995). A poesia de Laís Corrêa de Araújo filia-se à terceira geração do Modernismo. Sobre ela, escreveu o crítico Fábio Lucas: "o estilo vivo e até mesmo arrojado de Laís Corrêa é dotado de uma impulsiva força de expressão. Os seus sonetos refletem os grandes momentos do gênero, de tal modo a comunicar a sensação perfeita dos sonetos mais bem estruturados, mesmo quando a poeta não se dá a acompanhar os moldes clássicos e abole, por exemplo, a rima ou a rígida metrificação". (Leia aqui um poema de Laís Corrêa de Araújo)
Opiniões
"Considero Laís uma das poetas mais importantes do país, mas destaco também sua militância literária na imprensa, onde contribuiu de maneira decisiva para a formação e a atualização do público leitor de Minas Gerais", disse o professor da Faculdade de Letras e diretor da Editora UFMG, Wander Melo Miranda.
Filha de família de origem pernambucana, Laís Corrêa de Araújo Ávila nasceu em Campo Belo (MG) em 1928. Formou-se, por volta de 1950, bacharel em Línguas Neolatinas pela Faculdade de Filosofia da UFMG. Em 1951 publicou Caderno de Poesia, sua primeira obra poética. Em 1954, esteve no Congresso Internacional de Escritores, seção de Poesia, em São Paulo, onde teve contato com João Cabral de Melo Neto. No ano seguinte, publicou O Signo e Outros Poemas.