Florestas Estacionais Deciduais Brasileiras: Políticas Públicas e Desenvolvimento Sustentável é tema de workshop que reúne autoridades e especialistas brasileiros e internacionais em Belo Horizonte, na próxima quarta-feira, dia 24 de janeiro. O evento será realizado na sala de convenções do Hotel Bristol Pampulha Lieu, à rua Paula Mota, 187. A promoção é da UFMG, da Rede Internacional de Pesquisas Tropi-Dry e da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes). Popularmente chamadas, no Brasil, de “matas secas”, as florestas estacionais deciduais são motivo de debate entre entidades ambientalistas e ruralistas do Norte de Minas Gerais, onde a vegetação possui maior ocorrência. No Brasil, as pesquisas sobre o tema são coordenadas pelo professor Geraldo Wilson Fernandes, do departamento de Biologia Geral do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da UFMG, que integra a Rede Tropi-Dry. "Esse bioma representa uma porção enorme da floresta tropical e iniciamos avaliação de sua saúde ambiental, por satélite e por solo", diz o professor. Ele alerta que nem sempre imagens de satélite mostram a realidade da preservação de matas de ecossistemas específicos: muitas vezes, o "verde" retrata áreas de reflorestamento, que substituíram vegetações locais. Negociação “Human, Ecological and Biophysical Dimensions of Tropical Dry Forests”, é um dos mais importantes projetos da Rede, e que será objeto de discussão durante o workshop. Em maio de 2006, a UFMG, a Unimontes e o Instituto Estadual de Florestas (IEF) assinaram convênio para desenvolver o projeto, destinado à análise e recuperação de florestas de matas secas, em Minas Gerais. As atividades se concentram no Parque Estadual da Mata Seca, localizado no município de Manga, no Norte do Estado. A pesquisa tem duração prevista de cinco anos e será realizada, simultaneamente, em regiões do mesmo ecossistema dos países integrantes da entidade. De acordo com Geraldo Wilson Fernandes, o trabalho consiste tanto na recuperação dos aspectos biológicos das florestas, como no mapeamento do uso que os habitantes fazem de seus recursos naturais. "Durante o workshop, vamos negociar e apresentar as diretrizes do projeto aos tomadores de decisão", antecipa o professor, esclarecendo que o encontro poderá preencher a lacuna existente entre os dois segmentos. O coordenador informa ainda que parte do trabalho de pesquisa já foi iniciado e que os primeiros resultados serão apresentados em julho, em Morélia, México, no Encontro Anual da Associação de Biologia Tropical e de Conservação. Antes, contudo, os diretores da Rede se encontram em março para formular o protocolo de pesquisa, que deverá ser seguido pelos cientistas dos oito países. O projeto de recuperação de biomas de matas secas, conta com financiamento do Instituto Interamericano de Mudanças Globais (AIA). A previsão é que o workshop tenha a participação do secretário de Estado de Meio Ambiente, José Carlos Carvalho; dos diretores do Instituto Estadual de Florestas (IEF) e do Ibama, Célio Vale e Roberto Messias, respectivamente; de representantes de ONGs ligadas à defesa do meio ambiente, além dos pesquisadores de diversas instituições brasileiras e estrangeiras.
A Rede Tropi-Dry realiza estudos em matas estacionais tropicais nas Américas, com o objetivo de promover novos conhecimentos sobre esse ecossistema e sua preservação. Atualmente, conta com a participação de pesquisadores de oito países: Canadá, Estados Unidos, Brasil, Costa Rica, México, Venezuela e Cuba. Apenas o Brasil possui 20 pesquisadores, todos da UFMG, Unimontes e Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).