Entre testemunho e ficção: o caso Jakob Littner, é o tema de seminário que o Núcleo de Estudos Judaicos (NEJ) da UFMG promove nesta sexta-feira, dia 9. O evento, primeiro da série programada para 2007, é aberto ao público e acontece às 14h, na sala 4016 da Faculdade de Letras, campus Pampulha, à avenida Antônio Carlos, 6627. O expositor convidado é o professor da UFMG, Elcio Loureiro Cornelsen. Graduado em Letras pela USP, onde também obteve título de mestre, Cornelsen se dedica a pesquisas sobre vanguarda literária alemã e a relação existente entre literatura, filosofia, modernidade, religião e ciência. Em 1999, concluiu doutorado em germanística pela Freie Universitat Berlin, na Alemanha. Durante o seminário do NEJ, ele deverá abordar questões relativas ao gênero literatura de testemunho, a partir do livro Aufzeichnungen aus einem Erdloch (Anotações a partir de um buraco na terra), lançado em 1948. Conforme explica a professora da Faculdade de Letras (Fale), e coordenadora do NEJ, Lyslei Nascimento, trata-se de uma obra que, originalmente, foi considerada como relato autêntico de Jakob Littner, sobrevivente da Shoah (Holocausto), acerca da perseguição à qual fora submetido durante a ocupação alemã da Polônia. Lyslei relembra que, em 1992, entretanto, "o escritor alemão Wolfgang Koeppen desencadeou uma grande polêmica ao revelar-se publicamente como sendo o autor da obra. Ele alegou que, em 1946/47, havia recebido de um editor manuscritos de um sobrevivente chamado Jakob Littner, com a incumbência de utilizá-los como base para a redação de um livro sobre a saga de Littner, judeu polonês que vivera em Munique desde 1912, sua expulsão da Alemanha em 1938, sua vivência do terror nazista durante a ocupação da Polônia, grande parte do tempo escondido num buraco, e sua libertação em 1944 por tropas soviéticas". Numa espécie de documento-ficcional ou ficção-documental, prossegue a professora, "Aufzeichnungen aus einem Erdloch nos permite discutir uma série de aspectos relacionados tanto com o gênero literatura de testemunho, quanto com os limites da representação ficcional de um evento-limite como a Shoah". Mais informações no site do NEJ: www.ufmg.br/nej.