Dados do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq/MCT) dos últimos cinco anos mostram um cenário de mudanças quanto à participação feminina na pesquisa científica. A perspectiva é de que, no futuro, nos setores em que elas ainda são minoria, a presença das mulheres tenha um aumento significativo. Do total de bolsistas do CNPq, a participação feminina vem se mantendo em torno de 48%, o que significa a presença de 26.436 bolsistas mulheres, segundo dados de 2006. No entanto, em algumas modalidades, o número de mulheres supera o de homens há alguns anos. Dentre os bolsistas de iniciação científica, as mulheres predominam, representando, hoje, 56% do total. Em 2006, foram concedidas 9291 bolsas de IC para as mulheres, o que significa um crescimento de 17% nos últimos cinco anos. Cenário igual, encontra-se no Mestrado, onde 52% do total de bolsas são concedidas às mulheres. Doutoras Assim, aos poucos, esse avanço na participação das mulheres no ambiente de ciência e tecnologia vem se refletindo na maior presença delas nos níveis mais altos da carreira científica. Em 2006, o CNPq concedeu 23% a mais de bolsas de Produtividade em Pesquisa (PQ) para mulheres em relação à 2002. De 2517 bolsas em 2002 para 3096 em 2006. As Bolsas PQ são destinadas a pesquisadores com, no mínimo, título de doutor e alta produtividade científica. Outros indicadores Nas instâncias decisórias, as mulheres também ganharam espaço. No Comitês de Assessoramento do CNPq (CAs), responsáveis pelo julgamento do mérito das solicitações individuais de bolsas e auxílios à pesquisa, ampliou-se a representatividade feminina em cerca de 33% de 2002 a 2006. Por área do conhecimento Nas engenharias, o aumento foi de 2%. Em 2001, 28% das bolsas nessa área iam para mulheres e hoje são 30%. Destaque para a Engenharia Aeroespacial, cuja participação feminina cresceu 12% em relação ao total de bolsas concedidas nessa área; engenharia biomédica, com crescimento de 9%; e engenharia mecânica, com 4% de aumento. (Assessoria de Comunicação do CNPq)
Considerando essas bolsas como o início da carreira científica, é possível esperar que futuramente as mulheres estarão mais presentes nas modalidades que representam um nível mais avançado de pesquisador, onde os homens predominam. O crescimento da participação feminina no doutorado ilustra bem essa perspectiva. Nos últimos cinco anos, o aumento de bolsistas mulheres nessa categoria foi de cerca de 37%, igualando-se à participação masculina. Hoje, são 3694 bolsistas mulheres e 3697 bolsistas homens. Da mesma forma, no pós-doutorado, ainda que as mulheres permaneçam em minoria, houve um aumento de 13% do número de bolsistas do sexo feminino em relação ao total de bolsas concedidas, de 2001 a 2006.
Como conseqüência desse crescimento, as mulheres também têm ampliado sua atuação no campo da pesquisa. Além de aumentarem em números, elas vêm assumindo mais responsabilidades. Um exemplo disso, é o aumento de propostas submetidas por mulheres para o Edital Universal, o principal instrumento de fomento à pesquisa do CNPq, destinando recursos a todos os segmentos da comunidade científica. De 2004 a 2006, a demanda feita por pesquisadoras cresceu cerca de 2%, chegando a 41% de propostas submetidas.
A participação das mulheres vem aumentando em áreas tradicionalmente masculinas. Nas Ciências Agrárias, nos últimos cinco anos, houve um crescimento de 4% de bolsistas mulheres em relação ao total, sendo que hoje, 46% das bolsas nessa áreas vão para elas. De 2831 bolsistas em 2001, passou para 3424 em 2006.