Como controlar a transmissão congênita da doença de Chagas da mãe para o filho? Buscando solucionar essa questão uma equipe de pesquisadores do Departamento de Medicina Preventiva e Núcleo de Ações e Pesquisa em Apoio Diagnóstico Nupad) da Faculdade de Medicina, do Instituto de Ciências Biológicas da UFMG, do Centro de Pesquisas René Rachou (Fiocruz), e da Fundação Ezequiel Dias (Funed), elaboraram o documento Estudo sobre a transmissão congênita da infecção chagásica em Minas Gerais e elaboração de proposta de modelo de atenção e controle. O trabalho, financiado pelo Ministério da Saúde e gerenciado pela Fundep, quis verificar se a via de transmissão congênita ainda é um importante meio de transmissão da doença e, em caso positivo, qual a melhor maneira de controlar o problema. Foram analisadas 60 mil amostras, incluídas na triagem neonatal do Nupad, e cerca de 0,5% das mães tiveram resultado positivo e puderam ser encaminhadas para tratamento. Apenas uma criança infectada foi identificada, o que é considerado indicador positivo da saúde pública brasileira. Método A coordenadora do projeto, professora Eliane Dias Gontijo, diz que, segundo estimativas atuais, ainda existem cerca de 3,5 milhões de pessoas chagásicas no Brasil. “Considerando que 50% dessa população são mulheres e que metade destas estão em idade fértil, nós temos um número muito grande de mulheres que poderiam transmitir a doença para o filho durante a gestação”, avalia. Pesquisa semelhante realizada em 1997, também na triagem neonatal, analisou mais de 18 mil amostras e detectou 180 mães positivas, ou seja, 1% das mulheres envolvidas poderiam transmitir a doença de chagas para seus filhos. Deste montante três crianças tinham sorologia positiva e foram encaminhadas para tratamento. Eliane enfatiza que crianças tratadas após o nascimento têm grandes possibilidades de cura. O novo estudo, realizado entre os anos de 2005 e 2006, identificou uma prevalência de grávidas com doença de Chagas, no Estado, de 0,5 %. “O índice foi reduzido pela metade, o que descarta a necessidade de inclusão do teste para doença de Chagas na triagem do teste do pezinho”, conclui a coordenadora. Mais informações no Nupad, telefone (31) 3273-9608 e site www.nupad.medicina.ufmg.br. (Gerência de Comunicação da Fundep)
A equipe utilizou como metodologia a inserção do teste sorológico para doença de chagas nos exames da triagem neonatal, ou seja, o teste do pezinho. O diretor do Nupad, professor José Nélio Januário, esclarece que as crianças, até os seis meses de vida, ainda apresentam os anticorpos das mães, ou seja, os resultados dos testes feitos nos primeiros dias de nascimento identificam a positividade das genitoras. Isso permite que, além de detectar riscos de doenças nos bebês, os testes contribuam para o controle do quadro de saúde das mães.