O professor de Filosofia da UFMG, Newton Bignotto, é o expositor convidado de seminário programado para essa sexta-feira, dia 30, sobre Primo Levi e as fronteiras do humano. O evento integra série de palestras organizadas pelo Núcleo de Estudos Judaicos (NEJ) da Universidade e ocorre às 14h, no auditório 2001 da Faculdade de Letras, no campus pampulha. A atividade é aberta ao público. Pesquisador conceitado em temas como ética, história da filosofia, filosofia política, republicanismo e humanismo, Newton Bignotto vai abordar a questão proposta pelo NEJ a partir do livro Se é um homem, escrito por Primo Levi. Modalidade de literatura de testemunho, a obra, publicada em 1947, narra a passagem desse italiano de origem judaica, nascido em Turim, em 1919, pelo campo de concentração nazista Auschwitz. O escritor esteve preso entre dezembro de 1943 a janeiro de 1945, quando, então, foi libertado pelo exército russo. “Tornei-me judeu em Auschwitz. A consciência da minha diferença me foi imposta", teria dito sobre a experiência. Se é um homem, que obteve grande repercussão mundial, tornou-se obra de referência na carreira do escritor, morto em 1987. Tragédia totalitária "Ao relatar a experiência de vida dos que foram degradados à condição limite da pura sobrevivência", prossegue o professor, "ele abriu, como afirma o filósofo Giorgio Agamben, um novo território de investigação ética. Vamos nos dedicar na conferência a seguir alguns passos de Levi em seu livro Se é um homem, que nos permitem discernir os traços distintivos de sua visão das questões éticas suscitadas pela tragédia totalitária", explica Bignotto. Graduado em Filosofia na UFMG, onde também realizou curso de mestrado na mesma área, Newton Bignotto concluiu, recentemente, em 2005, seu segundo pós-doutorado na Ecole des Hautes Etudes en Sciences Sociales - nessa instituição obteve, ainda, título de doutor, em 1989. O primeiro pós-doutorado foi feito na Universite de Paris VII - Universite Denis Diderot, em 1997. Mais informações sobre o evento no site do NEJ: www.ufmg.br/nej.
"A obra de Primo Levi é uma fonte preciosa para a investigação das transformações produzidas na cena política contemporânea pelo aparecimento dos regimes totalitários", diz Newton Bignotto. De acordo com o professor, o escritor italiano, testemunho direto da barbárie nazista, "soube como poucos discernir os elementos novos contidos no terror dos campos de concentração".