Universidade Federal de Minas Gerais

UFMG desenvolve biomaterial para implantes oftalmológicos e de reconstrução facial

terça-feira, 17 de abril de 2007, às 8h42

Um novo biomaterial, desenvolvido por professores da UFMG, pode ser a oportunidade para pessoas que sofreram trauma facial grave e procuram reconstituição estética e funcional para voltar a ter um convívio social saudável.

O oftalmologista Valenio Pérez França, especialista em Cirurgia Plástica Ocular, foi um dos responsáveis pelo trabalho pioneiro no Brasil, ao lado do professor Rodrigo Lambert Oréfice, do departamento de Minas e Metalurgia, da Escola de Engenharia, e de Anilton Vasconcelos, professor do departamento de Patologia Geral do Instituto de Ciências Biológicas.

A pesquisa que deu origem ao material iniciou em 2003. Publicada em 2005, foi premiada durante o 30° International Congress of Ophthalmology, realizado em São Paulo, em 2006, com o Prêmio CBO, concedido pelo Conselho Brasileiro de Oftalmologia, órgão máximo da especialidade no País.

Semelhante a um vidro com características biológicas, o material teve os testes em humanos aprovados pelo Comitê de Ética e Pesquisa em Seres Humanos da UFMG. A partir daí o departamento de Plástica Ocular do Hospital São Geraldo, da Universidade, selecionou pacientes que, em decorrência de acidentes ou de cirurgia para retirada de tumores, sofreram perda do globo ocular e danos nas partes ósseas da face, sobretudo da órbita, onde seria adaptado o implante produzido com o compósito.

Estudos clínicos
Valenio destaca que a gravidade das lesões faciais muitas vezes impedia a adaptação de próteses oculares nos pacientes, por causa da deformidade óssea da órbita. "O compósito se constitui na melhor possibilidade de reconstrução dos ossos da face, mais eficaz que os métodos tradicionais", afirma, lembrando ainda o grande contingente de pacientes, com o mesmo quadro, atendidos pelo SUS. "Nesse caso, devido à falta de recursos disponíveis, há relatos de que, às vezes, é necessário recorrer a cirurgias mais traumáticas, como a de retirada de enxertos ósseos, por exemplo", diz.

A médica Clarissa Leite Turrer, especialista em cirurgia plástica craniomaxilofacial, é uma das responsáveis pelos primeiros testes em humanos, iniciados em 2005. Doutoranda oftalmologia pela Faculdade de Medicina da UFMG, ela é orientada e supervisionada pela professora Ana Rosa Pimentel de Figueiredo, chefe do departamento de Oftalmologia e Otorrinolaringologia da Faculdade de Medicina e do Setor de Cirurgia Plástica Ocular do Hospital das Clínicas da UFMG, especialista em cirurgia plástica ocular.

Segundo a pesquisadora, a retirada desse tipo de enxerto prolonga o tempo da cirurgia e pode aumentar o risco de complicações para o paciente. Além disso, apesar de ser material biológico com pouca possibilidade de rejeição, com o passar do tempo o osso pode sofrer absorção e o bom resultado inicial pode se perder. A modelagem do osso - que é rijo - à área afetada da face é outra dificuldade encontrada.

"O compósito, por sua vez, possui 'trabalhabilidade', propriedade que permite sua moldagem de acordo com a necessidade. Isso, para a face, é muito importante devido às curvas do esqueleto facial", explica Clarissa.

Mas, talvez uma das principais vantagens do novo material, quando comparado com similares importados, tradicionalmente utilizados, seja o baixo custo de produção, por ser produzido com matéria prima e tecnologia nacional. Na avaliação de Valenio França os importados têm custo proibitivo aos pacientes que dependem do Sistema Único de Saúde.

Outra vantagem, por se tratar de material dotado de bioatividade, é o fato de o compósito promover reação de interação benéfica com o organismo, o que é muito importante em áreas de maior movimento, como a dos olhos.

Outro diferencial dos produtos similares é que o novo material ao permitir mudança de matriz e de porcentagem da mistura amplia a gama de opções de suas características mecânicas.

Na pesquisa atual utilizou-se o compósito na mistura de uma matriz de polietileno com material bioativo a 10%. Observou-se, entretanto, que uma simples variação desta porcentagem e/ou da matriz pode tornar o compósito rígido como um osso ou maleável como cartilagem, sendo possível adequá-lo a aplicações em outras áreas da medicina, declara o pesquisador, lembrando, porém, que nesses casos novos estudos precisam ser realizados.

Pacientes
Após extensivos exames, primeiro na Escola de Engenharia, onde o material foi submetido a testes laboratoriais de força e pressão, e mais tarde em animais, cedidos pelo Instituto Hilton Rocha, o sucesso da experiência fez com que o Comitê de Ética da UFMG autorizasse sua utilização em estudo clínico inicial fase I.

Em 2005 foram realizadas as primeiras cirurgias em pacientes, no Departamento de Plástica Ocular do Hospital São Geraldo. "Hoje já são sete pacientes operados. Não há nenhum caso de rejeição, em dois anos. Todos acompanhados de perto. Até aqui tem sido tudo positivo, o que nos dá ânimo e coragem para prosseguir com a pesquisa", comemora Clarissa Turrer.

Ela lembra que a rejeição pode ocorrer até dez anos depois do implante, mas que apesar de muitas destas pessoas estarem com idades entre 18 e 45 anos, em plena fase produtiva, estavam isoladas socialmente devido ao aspecto físico.

"É impressionante perceber o quanto a qualidade de vida desse paciente melhora. É gratificante poder participar, dessa forma, da vida dessas pessoas", avalia Turrer.

Com o título "Estudo comparativo experimental de compósito bioativo de matriz polimérica para aplicação em cirurgia plástica ocular na substituição tecidual", o trabalho foi publicado nos Arquivos Brasileiros de Oftalmologia. Também recebeu o terceiro lugar na categoria pôster, em setembro de 2006, durante o Simpósio Internacional da Sociedade Brasileira de Plástica Ocular. O artigo está disponível na biblioteca on-line SciELO: www.scielo.br/pdf/abo/v68n4/v68n4a03.pdf. (Assessoria de Comunicação Social da Faculdade de Medicina)

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